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100 anos da Semana de Arte Moderna (1922-2022)

Data da Publicação:

11/02/2022

Hugo Pontes
Professor, poeta e jornalista

Muito se fala e se estuda sobre a Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Tal movimento assumiu importância fundamental para o futuro da Literatura, da Música e das Artes Plásticas no Brasil.
Era o fim e o início de períodos históricos no contexto da cultura brasileira no século XX.
Visualizada há 100 anos, fica difícil imaginar o impacto causado pelo Movimento Modernista sem que se leve em conta o cenário conservador que era vivido no Brasil.
Os modernistas eram vistos como um grupo de jovens inconsequentes e, no entanto, hoje são os poetas, escritores, músicos e artistas plásticos considerados avançados para a época e que abriram portas para a liberdade de expressão no universo das artes brasileiras.
Da Semana de Arte Moderna constavam da programação os nomes de Guiomar Novaes, Lucila Villa-Lobos, Frutuoso Villa-Lobos, Heitor Villa-Lobos e Alfredo Gom – ligados à música; na Literatura: Agenor Barbosa, Cândido Mota Filho, Guilherme de Almeida, Luís Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Renato Almeida, Ribeiro Couto, Ronald de Carvalho e Sérgio Milliet; e na pintura: o grande mentor intelectual da semana Di Cavalcanti; e Anita Malfatti, Ferrignac, Martins Ribeiro, John Graz, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeld e Zita Aita; nas Artes Plásticas com Victor Brecheret e na Arquitetura com Antônio Garcia Moya.
Modernos também foram no Recife, Pernambuco: o poeta Manuel Bandeira; João Cabral de Melo Neto; o poeta e pintor Vicente do Rego Monteiro e o pintor Cícero Dias. Alberto da Veiga Guignard, pintor, em Belo Horizonte, MG.
No Rio de Janeiro, metrópole cultural e centro das decisões políticas, as manifestações aconteciam e eram vários os nomes que despontavam no cenário dos anos de 1920: Lima Barreto, Cecília Meireles, Gilka Machado, Bidu Sayão, Roquette Pinto, Pixinguinha e outros.
Se nos remetermos aos estudiosos da Semana de Arte Moderna e perguntarmos o que o movimento representou, especificamente para a Literatura Brasileira, vamos encontrar a seguinte resposta:
“O movimento representou uma grande renovação na linguagem, na busca pelo experimentalismo e na ideia de um novo momento da criação seja nas letras como nas artes em geral. E, em relação ao contexto da época, o momento brasileiro era pleno de problemas de caráter social, político, econômico e cultural”.
Abandonando os antigos dogmas estéticos, os modernistas projetaram naqueles anos de 1920 até os anos de 1950 novos rumos para as artes no Brasil.
Em Minas Gerais surgiram poetas como: Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Pedro Nava, Martins de Almeida, Abgar Renault, Milton Campos, Gustavo Capanema e João Alphonsus Guimaraens. Em Cataguases tivemos: Ascânio Lopes, Rosário Fusco, Guilhermino César, Oswaldo Abritta e outros; em Poços de Caldas Jurandir Ferreira.
A partir do Modernismo conseguimos presenciar pós anos de 1950, chegando ao ano 2000 e neste início do século XXI – a ousadia do Movimento Concretista na literatura; o Tropicalismo na música e nas artes plásticas e arquitetura. Na poesia tivemos o Poema/Processo no final dos anos de 1960; o Poema Visual no início dos anos de 1970 até os dias atuais, englobando a Arte Postal, a Poesia Digital, a Poesia Sonora e tudo o mais que a arte e a tecnologia proporcionaram e proporcionam para consolidar a criatividade e a imaginação dos nossos escritores/criadores.

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