Atacadistas faturam R$ 16 bi em 2021 no Estado
MICHELLE VALVERDE
Belo Horizonte, MG – O setor atacadista e distribuidor de Minas Gerais faturou R$ 16 bilhões em 2021, superando em 7% o valor de 2020. Com o montante, o Estado respondeu por 5,1% da receita do setor em nível nacional. No ano passado, as empresas atacadistas e distribuidoras do País faturaram R$ 308,4 bilhões, em termos nominais foi verificada alta de 7,1% frente ao ano anterior. Já descontando a inflação, houve retração de 2,96%. Os dados são do estudo Ranking Abad/NielsenIQ 2022 – ano-base 2021, realizado pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) em parceria com a consultoria NielsenIQ, Em 2021, levando em conta o faturamento, três empresas mineiras ficaram entre as dez maiores do País no ranking geral.
Com um faturamento de R$ 7,15 bilhões, a Martins Comércio e Serviços de Distribuição, com sede em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ocupou o segundo lugar, atrás somente da paulista Atacadão (R$ 58,9 bilhões). Também foram destaque a Decminas/Apoio Mineiro (R$ 2,29 bilhões) e Grupo Vila Nova (R$ 2,01 bilhões). Para chegar aos resultados, 669 empresas participaram do estudo. Juntas estas empresas são responsáveis por um faturamento de R$ 186,6 bilhões, apresentando, em 2021, um crescimento médio de 17,7% na comparação com 2020. As empresas respondentes do ranking correspondem a 51,7% do setor, ante 49,2% em 2020. O estudo leva em conta preços praticados em 1.067.484 estabelecimentos de todo o Brasil. De acordo com o pesquisador da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nelson Barrizzelli, apesar dos desafios enfrentados em 2021, o setor atacadista e de distribuição apresentou números robustos e conseguiu crescer. “Nós tivemos um crescimento efetivo em relação ao ano anterior, apesar de 2021 ter sido um ano complicado pelo fato de o primeiro semestre ter sido marcado pelo crescimento, não esperado, da pandemia de Covid-19. Mas o setor conseguiu, no segundo semestre, compensar aquilo que faltava no primeiro. Foi um ano bastante interessante. É um resultado maiúsculo, e tenho certeza de que vai se repetir em 2022”, disse. Apesar da expectativa positiva, o setor passa por desafios. “A inflação que estamos enfrentando é um problema tanto para o consumo como para o abastecimento. Mas acredito que, a partir do segundo semestre, a inflação deve influenciar menos nos negócios. Ao longo do tempo, criamos salvaguardas por já termos enfrentado inflação no passado, diferente de outros países que têm economia mais estável”. Ainda segundo Barrizzelli, a expectativa é de um 2023 positivo, já que as medidas adotadas pelo Banco Central devem surtir mais efeito ao longo do segundo semestre. Além disso, setores como o agronegócio continuam crescendo e as exportações também. “Esperamos que, a partir de 2023, possamos voltar a crescer no Brasil, é o que está faltando. A última vez que a economia cresceu um pouco mais, 2,3%, foi em 2013. De lá para cá, foi uma sucessão de altos e baixos, o que implica no consumo e na vida da empresas”.
O presidente da Abad, Leonardo Miguel Severini, que também é diretor do Grupo Vila Nova, explica que o setor tem crescido também pela maior demanda das famílias, que encontram nas empresas preços mais condizentes com a renda. “O nosso setor trabalha com produtos de primeira necessidade, como alimentos, limpeza e de higiene. Dada a necessidade do ser humano ser abastecido com estes produtos e a gente disposto a executar a distribuição, as famílias têm enxergado neste tipo de mercado uma forma mais tranquila de se abastecer e encontrar preços condizentes com a renda. Estamos executando bem a tarefa e ocupando mais espaço”, destacou. Minas Gerais – Em relação ao desempenho do setor atacadista e de distribuição em Minas Gerais – que faturou R$ 16 bilhões em 2021 e superou em 7% o valor de 2020 -, o presidente da Abad, Leonardo Miguel Severini, ressaltou que as empresas vêm avançando a cada ano. “O desempenho das empresas em Minas Gerais tem se tornado cada vez mais presente. Minas é quase um País, e através das nossas empresas e das nossas operações temos nos mostrado cada vez mais presente em termos de abastecimento e de operações. O setor varejista tem dado um salto muito grande no nosso Estado, que também tem crescido. Para sustentar este crescimento, o setor acompanha. Não só eu, mas outras empresas de Minas Gerais também estão cada vez mais presentes”.
No Estado, com faturamento de R$ 7,156 bilhões, alta de 10,2%, o maior destaque em 2021 foi o Grupo Martins, que encabeça a lista das Top 10 do Estado e figura na segunda posição nos rankings regional e nacional, atrás apenas do Atacadão. De acordo com o diretor-geral interino do Grupo Martins, Rubens Batista, Minas Gerais é o principal estado de atuação do grupo e as expectativas são positivas. “Nossos principais clientes são o pequeno varejista de alimentos e material de construção, negócios que ganharam mercado em 2020 e se mantiveram em 2021. Inclusive, quando olhamos os primeiros meses de 2022, vemos que, mesmo sobre 2021, o pequeno varejo continua crescendo”. Em relação a investimentos, Batista, sem divulgar valores, explicou que o grupo vem investindo na ampliação do Centro de Distribuição, em Uberlândia, para conseguir atender a demanda dos clientes. Após crescimento de 10,2% em 2021, a expectativa é manter o ritmo em 2022. “Queremos crescer dois dígitos em 2022, mas não está sendo fácil. Os primeiros quatro meses se revelaram bem difíceis, não em alimentos, mas, principalmente, no que vendemos de não alimentos. Mas continuamos otimistas para 2022, com o pequeno varejo sendo muito resiliente. Mesmo com o aumento da inflação, que é um problema por reduzir o poder de compra do cliente do nosso cliente, e também por competirmos com outros produtos e serviços, que retomaram as atividades, as viagens, a gente pode ter uma performance positiva de dois dígitos em 2022”. Além do Martins, também foram destaque as empresas Decminas/Apoio Mineiro (que faturou R$ 2,3 bilhões), Vila Nova (R$ 2 bilhões) e Bahamas Mix (R$ 1,96 bilhões), que marcam presença entre os Top 10 no Estado. Decminas e Vila Nova aparecem também entre os dez maiores do País, respectivamente na oitava e décima posição do ranking geral.
Matéria do jornal Diário do Comércio em BH
Foto.Presidente da Abad, Leonardo Miguel Severini