Hugo Pontes
Professor, poeta e jornalista

Recentemente lemos e ouvimos os noticiários falarem sobre uma possível restrição aos meios de comunicação em divulgar livremente as notícias e acontecimentos em geral. Isso faz lembrar o D.I.P. – Departamento de Imprensa e Propaganda do, e no, governo de Getúlio Vargas nos anos de 1930. Faz-nos recordar o que vivemos e sofremos com a censura nos anos de 1964 a 1984, sob a ditadura militar.
Naturalmente a ação desenvolvida pela Associação Brasileira de Imprensa e outros órgãos de classe levantando-se contra essa nefasta ideia antidemocrática fez com que o governo atual recuasse.
Mas nunca devemos subestimar governos, mesmo que eles mostrem certo viés democrático, mas no fundo gostariam de se perpetuar no poder e, aos poucos, transformar um Estado Democrático de Direito em um severo e voraz regime ditatorial.
Nada como ser e ocupar o “puder”. Dá um grande “status” e, ao mesmo tempo, “prestígio” e dinheiro; mudança no degrau social; aumento do patrimônio; “respeito” da e na comunidade; e massageia o ego.
É sabido, e temos experiência disso, que sem imprensa livre não há povos livres e sem direito de crítica não é possível democracia.
E nada disso é especulação, pois durante 20 anos de censura os veículos de comunicação, jornalistas, intelectuais e artistas de todas as artes sempre buscaram, com criatividade, registrar o que se passava no país, fosse em uma capital como São Paulo, Rio ou Belo Horizonte, fosse em uma pequena cidade do interior como Conceição do Rio Verde, por exemplo.
Muito se sacrificou e muitos foram sacrificados, mas o que nunca deixou de acontecer foi a resistência contra a censura.
Imaginemos se isso acontecesse hoje, num governo que – supostamente – se diz democrático e popular.
Ainda caminhamos a passos de tartaruga rumo ao desenvolvimento e à liberdade de pensamento.
Mas, para que alcancemos esse nível, precisamos investir muito e com planejamento na educação, na saúde e cidadania.
Investir sem demagogia, sem enganação e, realmente, com vontade de buscar no presente o desenvolvimento futuro para termos a liberdade e segurança que todos almejam.