Presidente da Caldense fala sobre SAF, Pouso Alegre e eleição
Poços de Caldas, MG – O Mantiqueira volta a conversar com o presidente da Caldense Rovilson Jesus Ribeiro. Nesta entrevista ele abordou o que aconteceu com o projeto de transformar a Caldense em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), parabenizou o Pouso Alegre pela campanha no Brasileiro, falou da montagem do time da Caldense para a temporada 2023 e também das eleições que acontecerão na próxima semana.
Mantiqueira – Na última entrevista estava quase tudo certo para o anúncio da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O que mudou?
Rovilson Ribeiro – A SAF pode ser executada já que é a parte burocrática do sistema. O que não concluímos ainda é a questão do investidor e isso acabou levando o clube e seguir momentaneamente outro caminho para tocar o futebol.
Mantiqueira – Mas o que aconteceu que o investidor acabou não se concretizando?
Rovilson Ribeiro – Ainda estamos em trabalho de conversas com o investidor, o interesse pelo clube não terminou, porém, em função de ser um ano político, estamos em período eleitoral onde vamos eleger presidente, governador, enfim, um período de mudanças. O investidor pediu pra gente esperar passar estas definições e depois dar sequência no processo. Não é que está parado, está sim em evolução, mas como o futebol é rápido e o Campeonato Mineiro está muito próximo, resolvemos começar a montagem do time. Uma equipe não se forma da noite para o dia e por isso começamos este processo que está sendo feito pelo técnico Gian Rodrigues e a diretoria da Caldense.
Mantiqueira – Por que a volta do Gian Rodrigues para o comando técnico?
Rovilson Ribeiro – Era nossa intenção seguir com ele no Campeonato Brasileiro da Série D do ano passado, mas os recursos do clube não permitiram que assim fosse feito. Desde que saiu ele sempre deixou claro a vontade de voltar a trabalhar na Caldense, já que foi muito bem aqui em todas as suas passagens e reconhecemos o grande trabalho que ele fez, principalmente neste ano de 2022 quando ficamos entre os quatro melhores do Campeonato Mineiro, conseguimos ainda uma vaga para a Copa do Brasil, e resolvemos pela volta. Ele já está conosco, já está trabalhando na montagem do time para a disputa da temporada 2023.
Mantiqueira – Podemos dizer que a SAF apenas foi adiada?
Rovilson Ribeiro – O investidor não desistiu, ele prefere passar este momento político e depois retornar às conversas. Foi por este motivo que não me manifestei antes pois a gente não tinha uma definição. Procuro trabalhar sempre de forma transparente com a imprensa passando o que está acontecendo. Na época da entrevista anterior o investidor não se manifestou em relação à política, mas isso acabou acontecendo, e entendo. A pessoa que tem grandes negócios depende dos rumos que o país terá politicamente para adotar algumas medidas. Acredito que é por aí que deu uma segurada nesta questão.
Mantiqueira – A antiga parceria vai voltar?
Rovilson Jesus – No momento não. A montagem do time para a próxima temporada é toda de responsabilidade do técnico Gian Rodrigues e da diretoria do clube, como disse anteriormente. Posso adiantar que estamos tentando trazer alguns jogadores que participaram conosco do último campeonato e que foram bem. Foram apresentados ainda pelo treinador alguns novos nomes de atletas para compor a equipes.
Mantiqueira – O senhor disse que as conversas com o investidor foram paralisadas pelo momento político. E se elas retornarem ainda este ano, como será o procedimento?
Rovilson Ribeiro – Não muda nada. O Gian segue sendo nosso treinador e segue também o planejamento que vem sendo feito. Não podemos ficar parados, estagnados, esperando uma definição para seguir com o futebol. Temos que seguir e foi isso que a gente, em conjunto com o Luiz Fernando, vice-presidente, o seu Toninho, segundo vice, foi definido. Conversamos muito já que nada neste clube é conversado de forma arbitrária e tudo é muito bem discutido para tomarmos as melhores decisões possíveis.
Mantiqueira – Com está sendo o planejamento do futebol?
Rovilson Ribeiro – Devemos nos antecipar este ano. Normalmente em todas as temporadas a gente apresenta o time em meados de novembro, mas este ano tem uma possibilidade desta data ser antecipada para o início do mês, entre os dias 5 e 7 de novembro. Queremos adiantar os trabalhos de preparação, já que a primeira semana é de ajustes, exames médicos e uma série de coisas burocráticas e o pessoal ainda não vai pra treinamento de campo e físico. Este adiantamento nos dá ganho de alguns dias. É um ano que temos Copa do Mundo e o calendário tem mudanças. Muito atento a isso o técnico Gian Rodrigues pediu por este adiantamento e entendemos este lado e se ele acha importante a gente dá este apoio que ele precisa.
Mantiqueira – E a cota de TV. Como está este lado?
Rovilson Ribeiro – Até então os valores que serão pagos serão os mesmos de 2022. Os valores foram reduzidos este ano e a proposta para 2023 é que seja a mesma cota para os times, ou seja, mais uma vez teremos menores investimentos. A impressão que fica é que nós, dirigentes de clubes do interior, só reclamamos, mas não é bem assim, a realidade é complicada. Mas nosso treinador está ciente da situação, já que tudo aqui é falado antecipadamente, e mesmo assim ele acredita numa boa montagem e a gente confia no que ele vai fazer na definição de elenco.
Mantiqueira – O sucesso do Pouso Alegre, que conseguiu subir para a Série C e pode ser campeão brasileiro da Série D, traz uma pressão maior para a Caldense na próxima temporada?
Rovilson Ribeiro – Temos que cuidar primeiro da Caldense e fazer isso com muita responsabilidade na condução do futebol. Apesar de uma Série D horrível este ano, temos um retrospecto em relação aos últimos campeonatos estaduais muito bom e duas vezes ficando entre os quatro melhores de Minas Gerais. Isto é um grande feito para a realidade dos clubes do interior. Quanto ao Pouso Alegre a gente não tem que ficar pressionado porque eles obtiveram o acesso. Sou uma pessoa muito franca e o que tenho a dizer pelo que eles fizeram no Brasileiro da Série D é parabéns. Parabéns pelo trabalho que foi feito, talvez eles tenham tido mais investimentos, mais apoio e conseguiram. Então tem sim que tomar isso como exemplo de um trabalho bem feito, embora na Série A do Mineiro eles não foram tão bem. Futebol é assim e prefiro primeiro olhar sempre a Caldense, o equilíbrio para que a gente, tendo responsabilidade, consiga manter o futebol profissional da Caldense e não desequilibrar o social. Se houver este desequilíbrio, o futebol vai sofrer juntamente com o social e isso ninguém quer.
Mantiqueira – O senhor será novamente candidato a presidente do clube. Como anda esta questão?
Rovilson Ribeiro – Já estou aqui há seis anos, dois deles como vice do seu Toninho, e depois assumi como presidente por dois mandatos, tendo o Luis Fernando e o próprio seu Toninho como vice. Desde que nós entramos em 2017 traçamos algumas metas de modernização do clube social, inclusive o Centro de Treinamento Ninho dos Periquitos, onde fizemos várias mudanças na parte de fisiologia, nutrição, enfim, uma série de coisas que ficaram bem melhores. Não foi diferente no social com restauração de todo o clube, fizemos uma série de melhorias, passamos um período de pandemia e ainda assim conseguimos conduzir a Caldense com tranquilidade e equilíbrio. Na última reunião que tivemos com o Conselho Deliberativo o pessoal e alguns sócios me pediram continuidade para dar sequência a este trabalho e mais uma vez a gente se colocou à disposição para trabalhar com muita honestidade e equilíbrio. Vamos tentar vencer as eleições que acontecem na próxima terça-feira, dia 20, das 9h às 19h. Aproveito para convocar o associado para vir ao clube e votar já que é muito importante a participação dele. Nossa chapa é a 13 de Maio e a gente vai tentar ficar por mais dois anos de trabalho à frente da Caldense.
Mantiqueira – E o que falar da ausência do seu Toninho, que não está na chapa este ano? Ele desistiu da Caldense?
Rovilson Ribeiro – Ele não desistiu, nunca desistiu da Caldense. Ele é um cara que tem uma história fantástica aqui dentro, promoveu mudanças muito importantes, tive a satisfação de ser vice-presidente no ano de 2017/2018 e aprendi muito com ele. Foi um momento em que conheci muito melhor como funciona o clube, mas agora ele pediu para ficar mais afastado, ele ainda tem muitos negócios que fica à frente, também quer estar mais junto com a família, muitas frentes, um homem ainda muito ativo, muito inteligente, visionário e por isso não está na chapa. Mas ele se colocou à disposição para ajudar no que for preciso e está nos ajudando sempre, é só chamar. Trouxemos para o time e compor a chapa o Luiz Carlos Pioli, uma pessoa bacana, está conosco desde 2017 como tesoureiro e vem compor como segundo vice-presidente, sempre apoiando. Tenho certeza que ele será muito útil nos ajudando neste transcorrer do próximo mandato e estamos muito confiantes num trabalho positivo. Ainda temos algumas frentes para atender no futebol e no social e é este nosso projeto.
Paulo Vitor de Campos
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