Bloqueio reúne mais de cem caminhoneiros no Marco Divisório

 Adriana Rodrigues 

adriana.mantiqueira@gmail.com

Delma Maiochi

delmaiochi@hotmail.com

Poços de Caldas, MG – Mais de uma centena de caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que protestam contra o resultado das urnas após a derrota do candidato, deram início nesta segunda-feira (31) à tarde a um bloqueio na MGC-267, no Marco Divisório, divisa de Poços de Caldas com Águas da Prata, interior paulista. O mesmo está sendo registrado em diversas rodovias brasileiras desde a noite de domingo (30), quando foi anunciada a eleição do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

De acordo com a Polícia Milita r Rodoviária de Poços de Caldas, por volta de 16h os caminhoneiros ocupavam o acostamento e o trânsito fluía nos dois sentidos. Pelo menos, até às 18h, a adesão era pacífica e só os caminhoneiros que desejassem participar estavam estacionando. Os demais estavam livres para continuar viagem. Veículos particulares, ônibus, veículos de serviços essenciais, carga viva e produtos perecíveis trafegavam normalmente.

No trevo de Campestre-MG (MGC-267), segundo a PM Rodoviária, os manifestantes estão pacíficos e, assim como em Poços, apenas caminhões estão sendo abordados. A polícia está orientando o trânsito para evitar acidentes. Meia pista foi bloqueada com queima de pneus.

PRF

Nas rodovias federais da região, até o início da noite de ontem, segundo a delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) local, não havia pontos de bloqueios na região de Poços.

Em nota, a assessoria de imprensa da PRF nacional declarou que desde domingo, quando surgiram as primeiras interdições, foram adotadas todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando a equipe para os locais, iniciando o processo de negociação para liberação das rodovias priorizando o diálogo, para garantir, além do trânsito livre seguro, o direito de manifestação dos cidadãos, como acontece em protestos.

É importante destacar que a PRF já acionou a Advocacia Geral da União (AGU) em todos os Estados onde foram identificados pontos de bloqueio para obter interdito proibitório na justiça federal, objetivando, liminarmente, a expedição de mandado judicial como forma de garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias federais brasileiras.

Por fim, a PRF encontra-se em todos os locais identificados, com o efetivo mobilizado nos pontos de bloqueio e permanece trabalhando pelo fluxo livre das rodovias federais, viabilizando-se o escoamento da produção, assim como o direito de ir e vir dos cidadãos, além de seguir monitorando de perto os locais com alta probabilidade de interdição.

 Corrida aos postos

A paralisação dos caminhoneiros gerou uma corrida aos postos de combustíveis de todas as regiões da cidade. As filas tiveram início no final da tarde e com o fechamento das atividades comerciais elas só aumentaram. O medo do combustível acabar e de uma eventual parada nacional da categoria fizeram muitos motoristas preferirem não arriscar.

Renato Mantovani Filho, diretor regional em Poços de Caldas do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), diz que a situação dos postos na cidade é de muitas e muitas filas. “Corrida aos postos igual à última paralisação dos caminhoneiros. Já tivemos bastante falta de produto, conseguiu chegar um caminhão agora, mas estava sem produto em alguns postos. Está complicado, caminhão carregado pela estrada, não conseguiu passar. Vão acabar produtos sim, como já acabou. Nós estávamos sem produto desde às 2 horas da tarde. Chegou agora um caminhão, outros dois caminhões que estavam vindo para os postos estão parados na estrada”, explica ele.

Questionado se acha que há possibilidade da situação se estender por mais tempo, Mantovani diz que é difícil prever. “Difícil falar sobre continuidade, vai depender do cenário político, do aparecimento do Bolsonaro, de algum pronunciamento dele, alguma coisa do tipo. Ele sumiu, então está tudo muito incerto. Eu sei que está complicado, é difícil falar como vai ser o prosseguimento disso”, comenta ele.

CNT é contrária às paralisações, mas Sindtanque-MG adere ao movimento

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade de representação das empresas de transporte no Brasil, acompanha as paralisações em algumas rodovias do país e se posiciona contrariamente a esse tipo de intervenção.

A entidade respeita o direito de manifestação de todo cidadão, entretanto, defende que ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas.

Além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

Nesse sentido, a CNT tem convicção de que as autoridades garantirão a circulação de pessoas e de bens por todo o país com segurança, entendendo que qualquer tipo de bloqueio não contribui para as atividades do setor transportador e, consequentemente, para o desenvolvimento do Brasil.

Sindtanque-MG

Já o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) aderiu à manifestação dos caminhoneiros, que bloqueia rodovias em diversas partes do país. De acordo com o presidente do sindicato, Irani Gomes, o bloqueio vai permanecer até que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifeste publicamente acerca da vitória de Lula (PT), anunciada no último domingo (30). Ele não descarta a possibilidade de desabastecimento de combustíveis em todo o Estado de Minas Gerais.

Chorão

Em um vídeo postado pela Uol, o caminhoneiro Wallace Landim, o “Chorão”, que ficou conhecido como líder da categoria na grande paralisação de caminhoneiros de 2018, parabeniza Lula pela vitória nas urnas e pede aos manifestantes que parem com os bloqueios. No áudio ele lembra o impacto negativo e os prejuízos para a economia brasileira em decorrência da paralisação.