Representando quem?

A renovação do Legislativo em 2020 causou grande comemoração por parte da população. Era necessária realmente uma troca e a chegada de uma nova leva de vereadores era vista com bons olhos. Passados dois anos, alguns destes novos vereadores eleitos são uma verdadeira decepção e não fazem jus ao que se espera de representantes do povo. A cada sessão um show de horrores é apresentado ao vivo e em cores para quem quiser ver. Às vezes – e não são poucas – a Casa parece um palco de teatro. Tem de tudo. É penoso ver o presidente Marcelo Heitor tentando conter a “bagunça” na “Escolinha do Professor Raimundo”.  Na última sessão, por exemplo, tivemos de tudo. O vereador Kleber, esquecendo que crianças e adolescentes são protegidos pela lei, exibiu o áudio de um adolescente de 15 anos. O rapaz é filho do vereador Diney Lenon, que, claro, reagiu com indignação. No áudio o menino dizia que era preciso ir uma turma na Câmara e “xingar” o presidente da Casa, vereador Marcelo Heitor. Segundo relatos de familiares, o menino teve uma crise de ansiedade após a exibição de seu áudio e precisou de atendimento médico. Qual adolescente não comete erros e fala bobagens? Daí a ser exposto como foi é algo inaceitável. Sem contar aos ataques sofridos pela diretora do colégio municipal, o principal e de maior tradição na cidade.  Sabemos que o momento político do Brasil é delicado e Diney realmente poderia ter evitado a confusão não apresentando a referida moção, mas apresentou. Fazer o que? A sessão de horrores seguiu em outra pauta, esta defendendo uma data especial para comemorar atiradores esportivos, colecionadores de armas e caçadores. O vereador Roberto, pastor de uma igreja evangélica, já teve muitas falas infelizes, mas desta vez se superou ao dizer que não vê nada demais em dar “um tiro com uma 12 carregada no meio de pessoas que não são cidadãs de bem”. Isto mesmo, discurso de ódio. Será que ele tem condições de definir o que é cidadão de bem? A verdade é que o vereador é o pastor da vez de sua igreja. Ele não demonstra na Câmara que está ali para defender os interesses do povo. Basta conferir o balanço de seus números para ver o quanto ele está preocupado. Em épocas de intolerância, o que se espera é que nossos representantes mostrem equilíbrio e realmente façam seu papel de representar o povo. Infelizmente, não vemos isso acontecer por parte de alguns vereadores da atual Câmara de Poços de Caldas. Voltando a falar da renovação, ela é sempre bem-vinda, mas infelizmente alguns vereadores não merecem estar ali. Porém, a língua deles é afiada e quando questionados, a resposta vem fácil. “Se candidata e pega meu lugar”.  Vida que segue.

Paulo Vitor de Campos  

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