Recusa em tomar as doses de reforço contra covid preocupa Fiocruz
São Paulo, SP – As autoridades de saúde ainda monitoram a disseminação da subvariante BQ1 para saber qual a participação dela no aumento recente de casos de covid-19. Mas especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atestam que um dos grandes responsáveis pelas novas infecções já é conhecido: a resistência de muitas pessoas em tomar as doses de reforço e vacinar as crianças.
Na cidade do Rio de Janeiro, apenas 35,4% dos adultos receberam as duas doses extra e 48% das crianças entre 5 a 11 anos, e 87% das com 3 e 4, ainda não foram totalmente imunizadas. Por enquanto, o crescimento dos casos não tem sido acompanhado na mesma proporção, de mais hospitalizações e mortes. Mas o pesquisador da iniciativa Monitora Covid-19, Christovam Barcellos explica o que se pode esperar, baseado nas ondas anteriores
O novo Boletim Infogripe, da Fiocruz, já identificou uma tendência de aumento moderado dos registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave no longo prazo, em 10 estados e 12 capitais. E na maior parte desses locais, o crescimento se concentra justamente entre as crianças e os adolescentes, mas no Amazonas e no Rio de Janeiro já é possível verificar alta também para a população adulta. O coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, acredita que a covid-19 esteja se encaminhando para ter dois picos de casos por ano, diferente de outros vírus respiratórios, como a influenza, que têm apenas um
Duas características do coronavírus reforçam a possibilidade de que o Brasil esteja entrando em um novo ciclo de infeções: a alta capacidade de mutação do vírus, o que resulta nas novas variantes e subvariantes, e a diminuição da resposta imune do corpo no decorrer dos meses. Por isso, as doses de reforço são tão importantes, e têm se mostrado altamente eficazes para conter casos graves e mortes.
Este ano, mesmo com a explosão de casos causados pela Ômicron, a taxa de letalidade na cidade do Rio de Janeiro foi de 0,4%, quase 22 vezes menos do que a de 2020. O virologista Felipe Naveca, coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da Fiocruz Amazônia, alerta que quem está com doses atrasadas deve se vacinar imediatamente, especialmente com a identificação da BQ.1 e da BA.5.3.1, encontrada no Amazonas em junho.
De acordo com Naveca também é preciso reforçar as medidas sanitárias, principalmente o uso de máscaras em ambientes fechados, e a limpeza frequente das mãos.