Cultura, patrimônio e turismo
HUGO PONTES
Professor, poeta e jornalista
O Ministério do Turismo, há alguns anos, realizou uma pesquisa sobre o turismo voltado para a cultura e constatou que essa modalidade é a terceira na preferência dos viajantes que circulam pelo Brasil.
Acompanhando essa tendência, ganha destaque a Educação Patrimonial nos debates sobre Patrimônio Histórico que, também, se insere no contexto do Turismo Cultural. Isso significa que existe uma tendência de que haja interação entre o Ministério do Turismo e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, indicando que vários projetos surjam no sentido de integrar os diversos órgãos governamentais para que todos sejam beneficiados com essa constatação.
O leitor há de perguntar: “Qual seria a definição para Turismo Cultural?” Definição não seria o caso, mas a expressão é compreendida como sendo a capacidade de uma pessoa ou grupo se deslocar de um lugar para outro pela necessidade de se informar e se enriquecer culturalmente.
Na Inglaterra, pós-período medieval, empreender viagens dava reconhecimento àqueles que se aventuravam a realizá-las pelo fato de que as pessoas adquiriam conhecimento em relação ao povo, costumes, e tradições pelos lugares por onde haviam passado.
Embora esses deslocamentos não se caracterizassem como turismo, o que se depreende é que o ato já era um prenúncio do que viria a acontecer na atualidade.
Entretanto, ainda existe um grave problema que é a capacidade de “ensinar” ao viajante a respeito da cultura, tradição e patrimônio locais.
Diretrizes precisam ser pensadas entre as partes interessadas para nortear o planejamento integrado entre Secretarias de Turismo, de Cultura, Educação, de Planejamento, Conselho do Patrimônio Municipal e estadual e associações, em geral, a fim de que todos trabalhem conjuntamente para preservar os recursos naturais, o aspecto urbano, os prédios históricos e o conhecimento da história e manifestações a fim de que o denominado Turismo Cultural seja uma realidade tangível, tanto para os turistas, quanto para os cidadãos residentes. E, ao mesmo tempo, que haja um planejamento a ser cumprido pela administração pública – seja em que época for – a fim de que a cidade não perca pontos no que tange ao ICMS
Cultural, cuja avaliação é feita pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.
A cada vez que se reduzem os pontos torna-se difícil reverter e melhorar essa pontuação. E não devemos pensar que “falta vontade política”. O que falta é organização, diálogo entre as partes, uma vez que os benefícios são para o município e não para o ego ou incompetência dos responsáveis diretos pela efetiva política de preservação e valorização dos patrimônios material e imaterial da cidade.
E, neste início de outubro de 2021, a Rede Globo de Televisão – mais uma vez escolheu Poços de Caldas para ser cenário de outra de suas novelas, sob o título Além da Ilusão. As locações aconteceram em torno e no interior dos prédios do Palace Hotel e Palace Cassino, patrimônios históricos totalmente preservados pela iniciativa privada.
O mesmo deveria acontecer com os próprios municipais, ou seja, praças, ruas, avenidas, prédios, matas, rios, represas…