Meio Ambiente, a Vida e o Tempo

Data da Publicação:

14/12/2022

Em 1972, quando o Planeta Terra tinha menos da metade da população, que temos hoje, foi realizada em Estocolmo capital da Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas, com a finalidade de conscientizar todos os povos sobre a importância de preservar o meio ambiente.
Passaram-se 50 anos, nesse intervalo de meio século fomos capazes de criar coisas incríveis. Em todas as áreas o avanço tecnológico revolucionou a vida humana e diante de tantas conquistas e invenções maravilhosas, que facilitaram a vida, a humanidade, no limiar do século XXI, se encontra numa encruzilhada, que se priorizar as mesmas escolhas feitas até aqui, pode significar a extinção em massa.
Chegamos nesse ponto crítico, numa escalada de contradições, pois em um determinado ponto de nossa história, fizemos a escolha de priorizar a economia em detrimento dos recursos naturais. Em prol dessa tese foi criada a obsolescência programada entre os economistas norte-americanos, que após a depressão de 1929 adotaram o jargão, “que os produtos de longa duração eram uma tragédia para as empresas”.
Diante dessa lógica as pessoas do mundo dos negócios foram cirúrgicas, pois encontraram respaldo numa sociedade, que sofre de obsolescência psicológica, que é quando abandonam algum produto de uso em bom estado, pra adquirir um novo.
Nesse curto espaço de tempo, de nossa existência, essa lógica, nunca foi invertida. O meio ambiente e todas as vidas, nunca receberam atenção adequada.
Fomos capazes de criar moradias verticais, que chegam a 1 quilômetro de altura, mas não fomos capazes de acabar com o déficit habitacional e convivemos tranquilamente, com pessoas vivendo em baixo de pontes, marquises e áreas de risco.
Fomos capazes de criar cidades no deserto, mas não fomos capazes de fazer um planejamento para evitar moradias em áreas de preservação e aglomerados urbanos.
Fomos capazes de ampliar a produção de alimentos em milhões de toneladas, mas não fomos capazes de acabar com a fome, de barrar as indústrias dos venenos e por conveniência ignoramos o consumo de carne na alimentação humana, como se esse ato tivesse dissociado das destruições das florestas. Junto a isso ignoramos também o sofrimento dos animais, impondo a “supremacia” humana, como se as outras espécies não sentissem dor.
Fomos capazes de inventar equipamentos para transformar o ar em água, mas não fomos capazes de fornecer água tratada e saneamento básico para uma boa parcela da população.
Fomos capazes de levar a comunicação aos quatro cantos do globo, no tempo de um piscar de olho, mas não fomos capazes de construir um diálogo convergente em prol da sustentabilidade.
Fomos tão longe, avançamos muito em todas as áreas, mas não conseguimos enxergar com clareza a fragilidade da vida e o quão curta ela é. Talvez esse impasse e essa dificuldade das escolhas, seja por falta de noção, que a morte está no horizonte.
A vida, pra ser bem vivida, precisa de cuidados, mas ainda não chegou esse tempo, porque vivemos no automático e absorvemos quase tudo, que é ofertado pela roda da economia. Fazemos do nosso corpo uma lata de lixo, como se fossemos de aço e ainda assim, com esse comportamento enviesado, arriscamos conferências para salvar a madre terra.
Nesses 50 anos outras 26 conferências foram realizadas e o impasse é o mesmo. Continuamos a priorizar futilidades, que já levaram a extinção milhares de espécies da fauna e da flora.
Não sabemos quantas conferências serão necessárias, para um acordo global sobre formas sustentáveis para o planeta, mas vai ser muito difícil encontrarmos soluções para o todo, se antes não aprendermos a cuidar da própria vida.
Em cada país, em cada cidade, em cada cantinho dessa terra, se quisermos um mundo diferente do modelo que vivemos, vamos ter que investir pesado na educação cidadã e na economia verde, porque a formação, com foco na prosperidade econômica criou junto uma bomba relógio.
Haverá tempo para isso? O tempo dirá…

 

Freitas Junior
Ambientalista

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