Pelé e seleção se concentraram em Poços de Caldas em 1958
Poços de Caldas, MG – Campeão em 1958 a seleção brasileira de Pelé se concentrou em Poços de Caldas para um período de treinamento antes do Mundial.Aqui os atletas passara, ainda por exames médicos e dentários e foram realizados os primeiros treinamentos individuais e coletivos. A seleção brasileira inovava com a formação de uma Comissão Técnica, composta pelo treinador (Feola), médico (Hilton Gosling), preparador físico (Paulo Amaral) e supervisor (Carlos Nascimento).
Havia até um psicólogo (Carvalhaes), que para avaliar a inteligência e o equilíbrio psicológico dos jogadores, aplicava testes psicotécnicos utilizados na admissão de motoristas e cobradores da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) de São Paulo.
A inclusão de um dentista, Dr. Mario Trigo, também foi fundamental, com as inúmeras extrações realizadas para debelar focos dentários. Só Oreco, lateral do Corinthians, fez onze. O dentista participou da delegação que foi à Suécia, não mais para prestar serviços odontológicos, já realizados no Brasil, mas, agora, na função de animador do grupo, como contador de piadas.
Nem todos os trinta e três jogadores inicialmente convocados seguiram para Poços. Garrincha e Orlando permaneceram no Rio para operarem as amígdalas e se incorporaram à seleção só na fase seguinte de treinamentos, em Araxá.
Na época os atletas passaram por várias partes da cidade e fizeram pose em um ônibus da Circular. Pelé era um dos que mais se destacavam entre os atletas.
A Copa
Com um elenco fabuloso, a Seleção Brasileira enfim obteve o título de campeão mundial na Copa de 1958, após este lhe escapar em edições anteriores, e viu Pelé e Garrincha despontarem como grandes craques do futebol em todos os tempos.
A equipe dirigida pelo técnico Vicente Feola fez uma boa campanha na fase de grupos, como duas vitórias e um empate. O Brasil ficou no Grupo 4, ao lado de Áustria, Inglaterra e União Soviética. Para a Copa de 1958, o Brasil mudou a maneira tática de jogar, passando do 4-2-4 pra 4-3-3. A inovação tática foi o posicionamento de Zagallo como “ponta recuado”. Conforme Zagallo: “Estávamos com sete jogadores atrás. Quando pegávamos a bola, eu entrava como se fosse um ponta esquerda ofensivo. Jogávamos ofensivamente com a posse de bola e nos fechávamos quando a perdíamos”.
A escolha de Zagallo para a função se deveu à preparação física: “Eu tive a felicidade de ser escolhido pelo Feola. Tinha outros bons pontas, como o Pepe, mas ele era um jogador de 50m. Eu era um jogador de 100m”.
Na estréia, uma vitória por 3 a 0 sobre os austríacos. Na partida seguinte, contra os ingleses, apenas um empate em 0 a 0 (incidentalmente, o primeiro jogo da história das Copas a terminar sem gols). Como não havia substituição durante os jogos, Vavá entrou no time titular no lugar de Dida. Devido à má apresentação da equipe, o treinador decidiu para o terceiro jogo substituir Joel, Mazzola e Dino Sani por Garrincha, Pelé e Zito. Na última rodada, os brasileiros eram obrigados a derrotar os soviéticos para garantir a classificação à próxima fase. Com Garrincha e Pelé enfim titulares, o Brasil começou arrasador a partida. Nos primeiros três minutos, a seleção colocou a bola na trave duas vezes e abriu o placar com Vavá. O correspondente do L’Équipe, Gabriel Hanot, denominou a atuação inicial do Brasil de “os três melhores minutos de futebol já jogados”. O Brasil derrotou os soviéticos por apenas 2 a 0, mas a atuação foi considerada tão espetacular quanto a impressionante vitória sobre a Espanha na Copa de 1950. Nas quartas-de-final, com Mazzola no lugar de Vavá, o Brasil teve dificuldades para eliminar o País de Gales por 1 a 0, com um gol antológico de Pelé. Nas semifinais, os brasileiros (com Vavá de volta) mostraram um grande futebol diante da Seleção Francesa de Futebol (que contava com o artilheiro da competição Just Fontaine) e venceram o rival por 5 a 2. Na final, diante dos donos da casa, outra grande apresentação. Apesar dos suecos até começaram bem, abrindo o placar, o Brasil mostrou tranqüilidade e repetiu o placar diante dos franceses por 5 a 2, a maior goleada de uma seleção em uma final de Copa do Mundo. A única novidade no time para a final foi a entrada de Djalma Santos no lugar de De Sordi.