MEMÓRIA HISTÓRICA – A seleção de 1958 em Poços de Caldas

Pesquisa e texto de Hugo Pontes

Esse texto é uma homenagem a todos aqueles que participaram da grandiosa primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, e a consequente revelação de jogadores que ainda hoje estão na memória histórica do futebol praticado no Brasil.
Iniciava-se o ano de 1958. Janeiro. O prefeito municipal, Agostinho Loyolla Junqueira e o diretor do Departamento Municipal de Turismo, Vinícius Vivas enviaram ao presidente da Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange, um telegrama disponibilizando a cidade de Poços de Caldas para sediar a concentração da Seleção Brasileira de Futebol que disputaria a Copa do Mundo na Suécia.
A Associação Atlética Caldense, cujo presidente era Ronaldo Junqueira, cederia o seu Estádio para os treinos; o governo do Estado abriria as Termas Antônio Carlos para os banhos e os exercícios físicos na mecanoterapia; e o Palace Hotel para a hospedagem e concentração; a Prefeitura colocava a estrutura do Country Club para as diversas práticas esportivas e exercícios físicos.
Muita negociação aconteceu, pois eram também candidatas as cidades de Caxambu e São Lourenço, também no Sul de Minas, e Petrópolis no Rio de Janeiro.
Depois de uma visita de Hilton Gosling, médico da seleção, ficou definido que Poços de Caldas seria a cidade onde a seleção iniciaria os seus preparativos. Segundo as suas palavras: “Visitei várias cidades e Poços de Caldas é a que oferece mais condições para concentrar a seleção”.
Segundo noticiavam os jornais da época como o Diário de Poços, Folha de Poços de Caldas e a Gazeta do Sul de Minas, no dia 10 de abril dois aviões, em voos especiais, trouxeram os jogadores, dirigentes e a comissão técnica da seleção que se hospedaram no Palace Hotel.

Os jogadores convocados pelo técnico Vicente Feola foram os goleiros Gilmar (Corinthians), Castilho (Fluminense), Carlos Alberto Cavalheiro (Portuguesa) e Ernani (Bangu); laterais-direitos – Djalma Santos (Portuguesa), De Sordi (São Paulo) e Cacá (Fluminense); laterais-esquerdos – Nilton Santos (Botafogo), Oreco (Corinthians) e Altair (Fluminense); zagueiros-centrais – Bellini (Vasco), Mauro (São Paulo); quartos-zagueiros – Orlando (Vasco), Jadir (Flamengo), Zózimo (Bangu) e Formiga (Santos). No meio-campo, estavam Dino Sani (São Paulo), Zito (Santos), Pampolini (Botafogo) e Roberto Belangero (Corinthians). Os meias-direitas eram Didi (Botafogo) e Moacir (Flamengo); os meias-esquerdas, Pelé (Santos), Dida (Flamengo), Almir (Vasco); os pontas-direitas, Garrincha (Botafogo) e Joel (Flamengo); centroavantes Vavá (Vasco) e Mazzola (Palmeiras); e como pontas-esquerdas, Pepe (Santos), Zagallo (Flamengo) e Canhoteiro (São Paulo). Garrincha não participou da concentração em Poços de Caldas, porque ficou no Rio de Janeiro cuidando de uma infecção.
Com uma programação previamente estabelecida, no dia 14 de abril começaram os preparativos com as seguintes atividades: caminhada do centro até o Country Club; exercícios individuais e treinos coletivos no Estádio “Coronel Christiano Osório”, massagens e duchas tanto no Country Club como nas Termas “Antônio Carlos” e jogos recreativos no Country.
Durante todo o período em que a seleção esteve concentrada – de 10 até 20 de abril – a cidade se mobilizou para receber e atender toda a delegação brasileira.
O primeiro treino coletivo aconteceu no dia 18 de abril e o segundo e último no dia 20, domingo, com um público de quase 3.000 torcedores, proporcionando uma renda recorde, na época, para o estádio da Caldense, no valor de Cr$ 235 mil cruzeiros.
As duas equipes treinaram com a seguinte formação:

Time Amarelo
Castilho (Carlos Alberto), De Sordi, Mauro e Oreco (Cacá); Dino (Roberto) e Zózimo; Canhoteiro, Vavá (Gino), Dida (Almir) e Zagalo.

Time Azul
Gilmar (Hernani), Djalma Santos, Belini, e Nilton Santos; Zito (Pampolini) e Jadir; Joel, Didi, Mazzola, Pelé e Pepe.
O resultado foi: Amarelo 5 x 4 Azul
Gols-Amarelo: Vavá (2), Dida (2) e Dino
Azul: Didi (2), Joel e Pepe
Segundo os jornais da época, “foi uma memorável tarde que ficará para sempre na lembrança dos esportistas locais”.
No dia 21 de abril, segunda-feira, a seleção partiu para a cidade de Araxá, onde continuou com os preparativos que culminaram com o sucesso da histórica conquista da nossa primeira Copa do Mundo.

Hugo Pontes é professor,
poeta e jornalista

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