Presidente nega pedido de licença na FMF e vai usar base para voltar à elite

 Poços de Caldas, MG – O Mantiqueira entrevistou o presidente da Associação Atlética Caldense, Rovilson Jesus Ribeiro para saber sua versão sobre o rebaixamento do time para o Módulo II do Campeonato Mineiro em 2024.
Bastante chateado, porém, com a certeza de que a Veterana dará a volta por cima, ele recebeu a reportagem em sua sala ao lado do vice-presidente Luiz Fernando. Desmentiu que a diretoria pensa em pedir licença da Federação Mineira, destacou que no segundo semestre começa um trabalho de base visando a próxima temporada e disse entender a revolta do torcedor neste momento de tristeza para o clube.

Mantiqueira – O rebaixamento veio. Na sua opinião onde a diretoria errou? O que poderia ter sido diferente?
Rovilson Ribeiro –  Primeiro quero ressaltar a chateação de todos da direção, conselheiros, enfim, de todos envolvidos no futebol prosissional e que estão com o mesmo sentimento dos nossos torcedores. Estes torcedores estão com total razão nas críticas. Este ano nós montamos um time com o mesmo treinador, Gian Rodrigues, que obteve um bom resultado em 2022, montamos um time seguindo o mesmo padrão e com tempo para trabalhar.  O Gian Rodrigues começou a trabalhar em novembro na montagem do time e tudo foi feito dentro do que foi planejado, para que desse certo, mas  o time não virou. Na minha opinião, faltou muita coisa, eu acho que todos acompanharam o que aconteceu. Faltou sorte, faltou competência, uma identidade maior com o time por parte dos jogadores. E a gente sabe que o campeonato foi muito curto com uma fase de classificação com apenas oito jogos Pouco tempo para corrigir possíveis erros.  Depois fomos pro “Triangular da Morte” e fizemos jogos muito ruins. Tá aí o resultado. Então, a gente só tem que lamentar muito. Não digo, não vou falar que é erro dali e erro daqui porque não é isso, não é momento de se achar culpados, tem que sim, rever tudo com muito cuidado. Disputar o acesso, que é muito difícil, Minas Gerais é um estado grande e vamos ter dificuldades também no Módulo II. Se pegar a relação dos times que estão disputando  a competição, não vai ser uma batalha fácil.

Mantiqueira – Como se preparar para a próxima temporada no Módulo II?
Rovilson Ribeiro – A gente tem muito o que fazer já neste segundo semestre e começar o planejamento. E estamos fazendo isto desde o momento que terminou o jogo de domingo em Patrocínio.

Mantiqueira – Passou pela cabeça da diretoria pedir licença da Federação Mineira?
Rovilson Ribeiro –  Ninguém monta um time com o objetivo de cair, mas depois do nosso rebaixamento vieram muitas falas infelizes, sem fundamentos. Teve gente dizendo que a Caldense iria pedir licença do campeonato para depois entrar na terceira divisão. Nunca foi passado nada por nós sobre isso. Não sei de onde as pessoas tiram este tipo  de argumentação.  A gente está tranquilo no sentido de querer evidentemente sempre manter a Caldense em evidência, manter o time na elite, mas este ano não fomos felizes.
Mantiqueira – A base é o caminho para a Caldense se reerguer? Os meninos da cidade  vão passar a ter chance a partir de agora?
Rovilson Ribeiro – Agora é outra realidade. O rebaixamento ainda está muito recente, mas já começamos a avaliar, analisar algumas situações previamente e eu posso te dizer que logo agora para o segundo semestre a gente vai começar a trabalhar e os meninos da cidade, eles estão sim em nosso radar. A ideia é trabalhar com os jovens de Poços e alguns outros que virão de fora.

Mantiqueira – E para isto terá algum tipo de parceria?
Rovilson Ribeiro –  Estamos numa conversa para podermos seguir no segundo semestre trabalhando, preparando e tirando alguns jogadores que poderão ser úteis para o ano que vem e aí sim montar, complementar com jogadores, com alguma rodagem e  enfrentar essa segunda divisão. Como eu falei, é muito difícil e por isso estamos realmente analisando alguma parceria neste sentido. Talvez tenhamos sim alguma coisa para ajudar a manutenção. Temos estrutura boa como o nosso centro de treinamento, muito bom, com tudo lá em condições. A ideia é essa. Acreditamos que fazendo um trabalho com consistência possamos ter um objetivo futuro de acesso com mais com menos sofrimento, mas claro, não vai ser fácil.

Mantiqueira – A queda era iminente este ano, mas o senhor acredita que ela foi lapidada ao longo dos anos?
Rovilson Ribeiro – Teve uma mudança significativa nas montagens de elencos de 2019  para cá. Quando nós mantivemos a parceria conseguimos duas vezes ficar entre os quatro melhores do estado. E, em 2023, onde não tivemos nenhum jogador que estava com a gente, infelizmente, não sei se coincidência ou não, foi um insucesso. O futebol tem que ser feito a longo prazo, não acredito em montagem de time para determinado campeonato e depois acabou ,   desmancha  tudo e começa do zero para o próximo.  Às vezes dá certo e às vezes não dá liga, não acontece. Foi o que aconteceu com a gente agora.

Mantiqueira – Voltando a falar deste rebaixamento, a troca de treinador era mesmo importante?
Rovilson Ribeiro – Claro que a gente sabe que não é o melhor caminho, sabemos que a manutenção é o ideal. Só que nós iniciamos em novembro o trabalho de montagem e preparação. Na verdade, a montagem começou até antes de novembro. Então, teve um tempo muito mais que suficiente e muito importante para trabalhar, foram oferecidas todas as condições dentro do que foi preciso, mas não virou. Por isso  a troca foi necessária. O Gian Rodrigues, coitado, um bom profissional, deve tá muito chateado com este rebaixamento, tenho certeza disso, mas ele não tava conseguindo dar padrão de jogo a este time. Veio o Tiago, que também, a gente sabe, já passou por nós aqui antes dessa passagem agora do descenso, foi bem, é bom o profissional, mas o time também não deu liga, a realidade é essa, nada deu certo. É como eu falei, faltou muita coisa, competência, em alguns momentos até um pouquinho mais de sorte, enfim, essa soma aí só deu errado. E o que que nós vamos fazer? É vida que segue, é chacoalhar e fazer de tudo pra voltar a Caldense pra série A. O futebol de uma maneira geral a gente tem que entender que este custo é alto.

Mantiqueira – Mas agora não tem nem o dinheiro da Globo. Como vai ser?
Rovilson Ribeiro – Este dinheiro certamente fará falta, mas ele também não era de tanta ajuda assim como as pessoas pensam. Não estou desprezando o que se recebe para disputar o Campeonato Mineiro de Série A, mas também é muito pouco. A Caldense não precisa desse valor para disputar a segunda divisão. Claro que a dificuldade vai ser um pouco maior, mas não pensem as pessoas que não acompanham a parte econômica direito que com o dinheiro que vem da televisão é o que resolve a situação. Não é. A gente tem que sempre colocar  a cabeça no lugar e pensar que além do futebol, que é super importante para Poços de Caldas, para o nome da Caldense, temos um clube social, outros esportes também. Então, a gente tem que equacionar esse dinheiro. E o esporte mais caro é o futebol. Agora evidentemente que o ano de 2024 será difícil. Mas justamente por isso que nós já estamos pensando no segundo semestre em iniciar um trabalho para que quando chegarmos na época de iniciar o campeonato já tenhamos uma estrutura melhor,  mais organizada a nível de time,  vamos sofrer menos.
Mantiqueira – Tem algum arrependimento por desistir da Série D?
Rovilson Ribeiro – Não, foi uma decisão da diretoria, e quando nós montamos o time tanto desse ano, nunca prometemos para a comissão técnica e jogadores que iríamos jogar o Brasileiro. Nosso  compromisso era de mantê-los no Mineiro e nada além disto.

Mantiqueira – O quanto o rebaixamento causa prejuízo ao nome da Caldense?
Rovilson Ribeiro –  Eu não penso assim. Como já disse, estamos chateados, mas falar de prejuízo nós não podemos pensar dessa maneira. A Caldense já teve, infelizmente, outros rebaixamentos e se reergueu, faz parte do futebol. O nome da Caldense não vai ficar maculado por conta de um descenso de dois ou três anos.  Temos outros exemplos de outros times do país que infelizmente às vezes caem e voltam e é assim que é, a gente não pode  entender isso com naturalidade achando que está tudo bem, mas também nós não podemos levar isso como o fim da Caldense, de jeito nenhum. Nós temos que ter o equilíbrio para poder verificar onde temos que melhorar para subir e é isto que vamos fazer.

O que falar pro torcedor? Uma promessa de algum protesto no jogo contra o Democrata. Como é que a diretoria vê  essas promessas?
Rovilson Ribeiro – A gente tem que respeitar as manifestações quais sejam, desde que elas sejam pacíficas. O torcedor que tá chateado tem razão de  fazer as suas manifestações e fazer suas críticas e a gente tem que respeitar isto. O torcedor é movido pelo futebol que é uma paixão. A gente tem que entender desde que as manifestações sejam dentro de um parâmetro normal, sem agressões, sem invasão de campo. Isso tudo não condiz com o futebol. O futebol é o esporte onde muitas vezes ganhamos, outras perdemos e temos que ter o equilíbrio até nas manifestações. Agora, a gente quer dizer ao torcedor que assim como eles, toda a diretoria, todo o nosso conselho, tá todo mundo muito chateado, o sentimento nosso não é diferente do deles, mas respeitamos a posição de cada um deles. 

 

Paulo Vitor de Campos
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