Devoção, fé e tradição marcam último dia da Festa de São Benedito

 Poços de Caldas, MG – “A família inteira é devota de São Benedito, esse grupo de Congo a metade é neto e bisneto. Chegou a hora da procissão, todo ano nós estamos aqui”. Assim, o capitão do Terno de Congo de Nossa Senhora do Rosário, Benedito Luiz da Costa, de 88 anos, o popular e querido Seu Ditinho, fala da devoção a São Benedito, de quem herdou inclusive o nome. Tradição passada de geração em geração, a fé no Santo Negro é celebrada por meio da Congada, especialmente na Procissão Solene de 13 de maio, que fecha a programação cultural da centenária Festa de São Benedito em Poços de Caldas.

Com apenas 19 anos, a bisneta de Seu Ditinho, Eduarda Carimbá, desde criança acompanha a família no Terno de Congo de Nossa Senhora do Rosário e, em 2023, participou pela primeira vez dos festejos como presidente da Associação dos Ternos de Congos e Caiapós de Poços de Caldas. “Fiquei muito feliz com a volta da festa. Pra nós é muito bom sentir o carinho e o reconhecimento que a população tem com os Congados e com os Caiapós. Graças a Deus, deu tudo certo e nossa procissão foi a coisa mais linda. Estamos muito realizados e, se Deus e São Benedito quiserem, estaremos o ano que vem juntos de novo para fazer essa festa linda”, celebrou.

A programação religiosa do último dia da festa teve início já na manhã do último sábado, com a missa festiva. “É uma missa especial porque as canções são cantadas e tocadas pelos Ternos de Congos”, informou o embaixador do Terno de Congo de São Benedito, Ailton Santana (Mestre Bucha).

Presidida pelo Bispo da Diocese de Guaxupé, Dom José Lanza Neto, a missa foi realizada no pátio da Capela de São Benedito. Dom José Lanza destacou que a manifestação não é só religiosa, mas também cultural e está na alma do nosso povo, especialmente em Poços de Caldas. “É um momento importante cultural e religioso, de celebração, de fraternidade. Celebrar São Benedito é celebrar um grande santo da igreja, muito popular”, ressaltou. “Nesse dia 13, nós celebramos a devoção popular a São Benedito, que viveu intensamente a proposta de Jesus e, por isso, atrai cristãos de hoje, de ontem e de sempre”, destacou o Padre José Augusto da Silva, pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida.

O 13 de maio é o dia solene da Festa de São Benedito, quando sacerdotes, congadeiros e devotos se unem nas celebrações, tanto na procissão quanto na missa. “Nosso Congo de São Benedito é um dos mais antigos e tenho muita honra e peço licença para carregar esta bandeira, em nome da nossa querida Dona Mercedes, para saudar o nosso Santo e resgatar a nossa cultura”, comentou a bandeireira do Terno de São Benedito, Lúcia Vera de Lima, que é Mestra de Cultura Popular pelo Ministério da Cultura.

Procissão

De volta ao período da tarde, a procissão saiu da Capela de São Benedito, aberta pelos grupos de Caiapós do São José e da Vila Cruz, que representam os indígenas, com suas saias de capim, rostos pintados e espadas de pau, seguidos pelo Terno de Congo de São Benedito, Terno de Nossa Senhora do Rosário, Terno de Santa Efigênia, Terno Nossa Senhora do Carmo, Terno de Santa Bárbara e São Gerônimo e Terno de Nossa Senhora da Saúde. Depois dos grupos tradicionais, seguiram os andores de Santa Efigênia (ou Ifigênia), santa negra responsável pela difusão do Cristianismo na África, Nossa Senhora do Rosário, e o grande homenageado do dia, São Benedito, ricamente ornado de flores.

 

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