Esquerda & Direira
Hugo PONTES
Professor, poeta e jornalista
Acerta quem pensou em lados direito e esquerdo; mãos direita e esquerda; pés direito e esquerdo; ruas direita e esquerda.
Podemos observar que o canhoto, normalmente, é mais perfeccionista e exigente que o destro. A sociedade exige mais do canhoto. Ele é diferente, é o que está à esquerda…
Sob o ângulo da política definir o que é ser de esquerda ou de direita requer muita sutileza, pois é difícil apontar o que seja um tipo de direita ou de esquerda. Poder-se-ia dizer que existem várias direitas e várias esquerdas, pois o conceito alia-se e associa-se aos mais diversos pensamentos e correntes políticas.
Segundo a história, os termos em pauta foram criados nas assembleias francesas do século 18. Naquela época a burguesia buscava – apoiando-se na população mais pobre – diminuir a força e o poder da nobreza e do clero. Essa etapa foi a raiz da Revolução Francesa que viria a acontecer entre os anos de 1789 a 1799.
Estabelecida a Assembleia Nacional Constituinte, organizada para redigir uma nova Constituição, a camada mais rica (nobreza e clero) não gostou da participação da camada representada pela burguesia e pela pobreza, preferindo não se misturar. Assim, no recinto onde aconteceu a assembleia, os nobres e o clero se posicionaram à direita e os burgueses e pobres à esquerda do recinto.
Ante esse posicionamento, ser de esquerda significou lutar pelos direitos dos trabalhadores, do povo pobre, do bem-estar coletivo, pela participação popular nas decisões e pelas causas sociais. Enquanto isso, sob outro ângulo, a direita era vista e se comportava bem conservadora, tradicional, voltada por manter o poder político, econômico e o bem-estar individual.
Com o tempo as expressões “direita” e “esquerda” passaram a ser usadas sob outro contexto. Trazendo para o momento, os cidadãos que se posicionam contra as ações do “status quo” seriam considerados “de esquerda” e os favoráveis seriam nomeados “de direita”?
E há de se perguntar: E quando a esquerda está no poder? Eles passariam a ser “direita”?
Sem querer estender a conversa, tomo emprestada a frase do filósofo italiano Noberto Bobbio que diz: “Embora os dois lados realizem reformas, uma diferença seria a de que a esquerda busca promover a justiça social, enquanto a direita se empenha na liberdade individual.”