Aproveite o friozinho para ler O Lobo da Estepe, obra-prima de Hermann Hesse
Poços de Caldas, MG – Profundamente influenciado pela psicanálise, o escritor alemão Hermann Hesse escreveu “O lobo da estepe” aos 50 anos. O livro conta a história de Harry Haller, exatamente um homem de 50 anos, que acredita que sua integridade depende da vida solitária que leva em meio às palavras de Goethe e às partituras de Mozart; um intelectual tentando equilibrar-se à beira do abismo dos problemas sociais e individuais, ante os quais sua personalidade se torna cada vez mais ambivalente e, por fim, estilhaçada.
A primeira parte do livro é o pesadelo do lobo Haller, sua depressão e sua incapacidade de se comunicar que está na base da crueldade e da destruição. Na segunda, o lobo se humaniza, através da entrada em cena de Hermínia, que tenta reaproximá-lo do mundo, no caso uma comunidade simplória, com salas de baile poeirentas e bares pobres.
O Lobo da Estepe foi escrito quando Hesse tinha 50 anos, como seu personagem, e estava profundamente influenciado pela psicanálise. O estilo adotado, altamente revolucionário para a época, foi elogiado por Thomas Mann, para quem, como novela experimental, O lobo da estepe era tão genial quanto Ulisses, de James Joyce.
Através de suas experiências, o protagonista embarca em uma jornada espiritual e existencial, explorando diferentes camadas de sua própria consciência e temas como isolamento, dualidade, alienação e a busca por um sentido na vida. O livro em seu todo é completamente subjetivo, mas deixa seu propósito claro. O autor nos convida a refletir sobre a importância de abraçar todas as partes de nós mesmos, tanto nossa natureza selvagem como a busca por uma conexão mais profunda com o mundo.
Hermann Hesse nasceu em Calw, na Alemanha, em 2 de julho de 1877 e faleceu em 9 de agosto de 1962. Vencedor do Prêmio Goethe e do Nobel de Literatura em 1946, ganhou o mundo com livros como O Lobo da Estepe, Sidarta e O Jogo das Contas de Vidro. Deveria ter sido pastor, segundo a tradição da família, mas não se identificou com a religião e, por volta dos 35 anos, mudou-se para a Suíça, onde passou a se dedicar à literatura. Apesar dos prêmios, o sucesso mundial aconteceu apenas depois de sua morte, em 1962.