Quem não gosta do funcionalismo?

Hugo PONTES
Professor, poeta e jornalista
“Um CRONÓPIO pequenininho procura a chave da porta da rua na mesa de cabeceira, a mesa de cabeceira no quarto de dormir, o quarto de dormir na casa, a casa na rua. Por aqui parava o Cronópio, pois para sair à rua precisava da chave da porta.”
    De Júlio Cortázar, escritor argentino
Esta pequena história é simples e bonita. Cronópio é uma invenção do romancista e pode ser o que você imaginar: um bicho, personagem maravilhosa, um menino diferente. É criação fantasiosa. É ficção. Mas a ficção não põe a mesa. E nós preferimos o que é realidade. O que seja a dura realidade.
Independente do que o leitor possa imaginar, todo cidadão tem direito a ter os seus direitos preservados e cumprir com os seus deveres. Assim está escrito na Constituição Federal, lei maior do Estado brasileiro.
Acreditamos que todos aqueles que prestam serviços aos munícipes são funcionários públicos.
Bem, se todos os funcionários públicos federais, estaduais e municipais são trabalhadores todos devem ser remunerados condignamente. E por servidores públicos entendemos aqueles que prestaram concurso, em suas respectivas áreas de habilitação e – faça chuva ou faça sol – estão nos seus postos atendendo com competência e dedicação, pois entra político e sai político os órgãos públicos continuam funcionando.
Sabemos que os agentes políticos – também funcionários públicos –  investidos nos cargos eletivos de presidente, senador, deputado, prefeito e vereador são de curta duração e não necessariamente cargo de carreira. Para tanto o eleito, normalmente, tem uma atividade profissional que lhe dá o suporte financeiro necessário para a sobrevivência. Caso contrário, permanecendo e vivendo da e na política ele é “carreirista”.
Por exemplo: se eu fosse eleito vereador, não poderia considerar meu salário como renda, mas como uma remuneração de caráter passageiro, pois ser vereador não é profissão.
Recentemente os subsídios (salários)  do prefeito, dos vereadores e dos secretários de Poços de Caldas foram elevados em mais de 28%.
É sabido que essa gente não precisa de reajuste, pois tem outra atividade profissional que lhes dá o sustento para a sobrevivência. Alguns até doam (???) seus subsídios para instituições de caridade. Ou será que estou errado?
Não podemos dizer isso do funcionalismo público municipal, pois nem todos ocupam cargos de confiança. Em média, ganham, em sua maioria, um salário baixo e – como a corda arrebenta para o lado mais fraco – não têm reajustes conforme determina a Constituição e, se não fosse por ela, o próprio bom-senso dos governantes faria com que isso acontecesse.
Importante lembrar: “Viver é preciso”, mas não viver mal, pois é do Couro que sai a correia.
E vem as perguntas: Quem é funcionário público – por concurso ou pelo voto popular – precisa de reajuste salarial?
Quem não gosta do funcionalismo?
E o governante que não gosta comete assédio moral?
Se comete,  merece um processo por má gestão.
Eu disse “má gestão e não indigestão.
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