Contagem de estudantes fica de fora do Censo e gera polêmica em Poços
Poços de Caldas, MG – O prefeito Sérgio Azevedo contestou bastante os números do Censo para Poços de Caldas. El conversou com o Mantiqueira e disse não entender como é feita a pesquisa e chegou a afirmar que vai fazer uma pesquisa própria para levantar os verdadeiros números da cidade. Segundo os dados, a cidade apresentou um crescimento populacional de pouco mais de 7% desde 2010, atingindo a marca de 163.742 habitantes. No entanto, o prefeito alega que os números não condizem com a realidade e contesta os métodos adotados pelo Censo.
Outro que conversou com o Mantiqueira e disse ter certeza absoluta que os números não são reais foi o diretor do Departamento Municipal de Água e Esgoto, Paulo César Silva. Para ele a cidade facilmente tem mais de 200 mil habitantes, na pior das hipóteses chega a mais de 190 mil moradores.
Polêmica
Luís Eduardo Moreira Coordenador de Área do IBGE / Agência Poços de Caldas, MG admite que a forma como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera os estudantes em seu censo tem sido motivo de controvérsia. O órgão estabelece que os estudantes devem ser contabilizados como moradores no local onde reside a família, e não onde estudam. Essa interpretação, embora antiga, levanta questões sobre a residência oficial dos estudantes.
Luis destaca que o critério adotado pelo IBGE tem implicações práticas. “Por exemplo, caso um estudante não tenha mais condições financeiras para pagar a faculdade, é comum que ele retorne à casa dos familiares. Da mesma forma, após concluírem seus estudos, a maioria dos estudantes retorna às suas cidades de origem. Assim, a residência da família é considerada como ponto de referência pelo IBGE”, disse o coordernador.
“No entanto, é importante ressaltar que a legislação contempla situações em que um estudante se desconecta da família e estabelece uma nova residência para fins de estudo. Nesses casos, mesmo que a família esteja em outro local, o estudante pode afirmar que reside na cidade onde estuda”, disse.
A colocação de que o IBGE “desconsidera os estudantes” é imprecisa. O instituto considera os estudantes como moradores na cidade onde reside a família. Isso significa que há estudantes de outras cidades que são considerados moradores no local onde estudam, o que pode levar a distorções estatísticas. “Por exemplo, muitos estudantes de Poços de Caldas estudam em outras cidades, como São Paulo, Campinas, Alfenas, Itajubá, Viçosa, Ouro Preto, Belo Horizonte e Lavras, sendo contabilizados como moradores em Poços de Caldas. Isso pode impactar cidades que são predominantemente universitárias, recebendo mais estudantes do que os próprios moradores locais”, disse Luis.
“Além disso, é comum que esses estudantes façam o “bate e volta” diariamente, utilizando ônibus fornecidos pelos municípios, como Ipuiúna, Botelhos, Bandeira do Sul, Campestre, São José, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo e outros. Esse fluxo de estudantes entre as cidades vizinhas está diretamente ligado à presença das universidades e instituições de ensino superior”, completou.
“Enquanto o IBGE segue um critério técnico para a contagem dos estudantes, é necessário considerar o impacto que essa metodologia tem nas cidades universitárias. As administrações públicas devem analisar essa questão de forma mais ampla, levando em conta o cenário como um todo”, finalizou.
Paulo Vitor de Campos
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