IMS Poços reabre em 13 de janeiro depois de restauro no Chalé Cristiano Osório
Poços de Caldas, MG – Depois de cerca de 1 ano fechado para obras, o IMS Poços reabre ao público em 13 de janeiro de 2024, com duas exposições: Fotoclubismo em Poços de Caldas – Vestígios de uma história e As metamorfoses – Travestis e transformistas na SP dos anos 70, de Madalena Schwartz. O centro cultural também retoma suas atividades com uma programação especial de cinema, idealizada a partir de diálogos com agentes da cidade, com pré-estreia do filme O dia que te conheci, de André Novais Oliveira, com Grace Passô e Renato Novaes. No sábado de reabertura (13/1), serão realizadas duas visitas mediadas com os curadores das exposições: às 15h, Samuel Titan Jr. conduz o público pela mostra As metamorfoses; às 16h, será a vez de Teodoro Carvalho Dias apresentar a exposição Fotoclubismo em Poços de Caldas. A programação inclui também sessões especiais dos filmes O dia que te conheci, de André Novais Oliveira, cineasta homenageado da Mostra de Cinema de Tiradentes 2024, exibido no sábado (13/1) às 17h30, e Café com canela, de Glenda Nicácio e Ary Rosa, projetado no domingo (14/1), às 16h. As sessões serão seguidas de debates com os diretores e o curador de cinema do IMS, Kleber Mendonça Filho. No domingo (14/1), às 10h, o projeto Elas no Choro realiza um show gratuito, com a violonista Helô Ferreira, a pandeirista e cavaquinista Marina Siqueira, a pianista Dudah Lopes e a flautista Cibele Palopoli. Ainda em janeiro, o centro cultura promove oficinas de férias para as crianças (16, 18 e 27/1), uma masterclass (17/1, às 19h) e um concerto (18/1, às 19h) com a pianista Maria Teresa Madeira, além de um show com o tradicional Bloco da Tine (28/1, às 10h). Saiba mais detalhes sobre a programação e como participar de cada evento no site.
Sobre as obras de restauro e modernização
Primeira sede do Instituto Moreira Salles, inaugurada em 8 de agosto de 1992, o IMS Poços passou por importantes obras de restauro e modernização, que vão melhorar a experiência dos visitantes e garantir mais possibilidades em sua programação cultural e educativa. O prédio projetado pelo arquiteto mexicano Aurelio Martinez Flores, para abrigar exposições, exibir mostras de cinema e receber concertos, foi totalmente renovado. Os painéis agora são de gesso acartonado, e dentro deles corre uma moderna instalação elétrica, permitindo mais versatilidade na montagem de exposições. O auditório, remodelado, conta com novas e confortáveis poltronas, além de um moderno sistema de projeção, iluminação e som, que o qualificam como uma sala de cinema de referência. Foram criadas duas pequenas salas nas laterais do palco – uma será usada como camarim e a outra, destinada a guardar o piano disponível para concertos e shows promovidos no local. O IMS Poços reinaugura comprometido com sustentabilidade, acessibilidade e segurança. Um novo sistema de painéis para energia solar reforça o compromisso com a economia sustentável. O pavilhão de exposições ganhou elevador ligando os dois pavimentos. Foram construídos mais banheiros, acessíveis a pessoas com deficiência. Aos guardacorpos e corrimãos já existentes, foram acrescentados novos, em duas alturas. Já o Chalé Cristiano Osório, erguido em 1894, passou por um cuidadoso restauro – as telhas francesas da construção original foram retiradas uma a uma, lavadas e recolocadas no lugar. As que estavam quebradas foram substituídas por telhas de um chalé similar que não resistiu à especulação imobiliária. Vivalde Bertozzi, mesmo funcionário que o restaurou há 32 anos, logo depois de o IMS adquirir o imóvel, em 1989, para instalar ali seu primeiro centro cultural, recuperou todos os detalhes em madeira. E a pintura está refeita, com as mesmas cores azul e bege originais da construção. Um sistema de iluminação que se acenderá automaticamente à noite vai valorizar e chamar a atenção para os numerosos detalhes da arquitetura do chalé. Para Marcelo Mattos Araujo, diretor-executivo do Instituto Moreira Salles, a reinauguração marca uma nova fase na história do IMS em Poços de Caldas. “O programa de exposições, cinema e eventos musicais que reabre o IMS Poços revela as linhas de trabalho que pretendemos aprofundar, combinando programações que trarão à cidade iniciativas apresentadas nas outras sedes do IMS com exposições e programas que resultam de uma interlocução com Poços de Caldas, com os seus habitantes e agentes culturais, a partir de pesquisas sobre suas memórias, para construir interpretações e reflexões sobre o Brasil contemporâneo.
Uma enxuta, mas substanciosa programação do circuito comercial está sendo especialmente pensada para Poços. A curadoria da sala de cinema, em um diálogo iniciado em janeiro de 2023 com agentes culturais, cineastas, gestores e produtores culturais, movimento hip-hop, movimento negro, congada poços-caldense, entre outros, estabeleceu a cidade como o lugar de novidades, estreias, novas mostras, e não apenas refletindo o que acontece nos cinemas do eixo São Paulo-Rio. No fim de semana inaugural, dois importantes nomes estarão presentes com seus filmes: no sábado (13/1), dia da abertura, às 17h30, o cineasta mineiro André Novais Oliveira apresenta a sessão de pré-estreia do longa O dia que te conheci (Filmes de Plástico); no domingo (14/1), às 16h, a poços-caldense Glenda Nicácio estará presente na sessão de seu primeiro longa, Café com canela (Rozsa Filmes), junto a seu parceiro de direção Ary Rosa. Glenda Nicácio e Ary Rosa foram os homenageados da edição de 2023 da Mostra de Cinema de Tiradentes, uma das mais importantes mostras de cinema brasileiro contemporâneo do país. Embora venha reescrevendo os modos de fazer e pensar filmes no Brasil, a dupla ainda carece de circulação à altura dessa inventiva produção cinematográfica em Poços de Caldas. Ainda no fim de semana de abertura, curtas poços-caldenses serão exibidos abrindo as sessões de longas, com apresentação de seus realizadores. Também em janeiro, o cinema promove sessões especiais de filmes como Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, Deus e o Diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, e Oldboy, de Park Chan-wook, entre outros destaques. Na programação estendida, uma mostra de filmes que tenham a sala de cinema como pano de fundo será apresentada ao longo do ano de 2024.
Confira a programação completa do cinema e os dias e horários de cada sessão no site.
Exposições em cartaz Admiração, Poços de Caldas Cine Foto Clube, s.d. Crédito: Natálio Teixeira A mostra Fotoclubismo em Poços de Caldas – Vestígios de uma história apresenta imagens de fotoclubes nacionais e estrangeiros encontradas no acervo do fotógrafo poços-caldense Limercy Forlin. Membro diretor do Foto Cine Clube de Poços de Caldas, Forlin guardou um conjunto significativo de ampliações, que teriam sido parte do terceiro e último salão internacional organizado em 1970, pelo Foto Cine Clube Poços-Caldense de Fotografia Pictorial. A mostra reúne mais de 100 fotografias dessa coleção. A exposição As metamorfoses, por sua vez, apresenta o ensaio no qual a fotógrafa Madalena Schwartz (1921-1993) registrou travestis e transformistas que frequentavam a cena alternativa de São Paulo, na primeira metade dos anos 1970, em plena ditadura militar. Há retratos de nomes como Ney Matogrosso e os integrantes do grupo Dzi Croquettes, até figuras hoje menos conhecidas. As duas exposições ficam em cartaz até 9 de junho de 2024.
A presença do IMS em Poços de Caldas Poços de Caldas foi escolhida como sede do primeiro centro cultural do Instituto Moreira Salles por um motivo afetivo, que remonta à história da família Moreira Salles. Foi na cidade do sul de Minas Gerais que João Moreira Salles, nascido em 1888 em Cambuí, estabeleceu-se em 1918. O patriarca da família Moreira Salles era um jovem comerciante de café, e escolheu a cidade por ser então a maior da região e também terminal de um dos ramais da estrada de ferro Mogiana, por onde escoava a produção do grão. Na cidade do sul de Minas, o negócio do café prosperou ao mesmo tempo que crescia a atividade bancária, iniciada pouco antes, como uma representação dos bancos que não tinham presença na cidade. Em 1931, João Moreira Salles abriu em Poços de Caldas a Casa Bancária Moreira Salles, embrião do Unibanco, que em 2008 se fundiu ao Itaú. Quando Walther Moreira Salles (1912-2001), filho mais velho de João e seu herdeiro no comando dos negócios, decidiu criar um centro cultural, a opção por Poços de Caldas se deu naturalmente. A escolha do local, feita por ele e por Antonio Fernando de Franceschi (1942-2021), primeiro diretor-superintendente do Instituto Moreira Salles, recaiu sobre o Chalé Cristiano Osório, de estilo eclético, encomendado em 1894 pelo fazendeiro de café Cristiano Osório de Oliveira ao arquiteto italiano Giovanni Battista Pansini. O chalé foi comprado em 1989, e, no amplo jardim que o rodeava, foi construído o prédio moderno e minimalista, projeto do arquiteto mexicano Aurelio Martinez Flores. É neste prédio, que se destaca na paisagem pela volumetria branca e pela ampla escadaria na fachada principal, em que são realizadas as exposições – o imóvel tem mais de 1.000 m2 de área expositiva. Na inauguração do IMS Poços, em agosto de 1992, foram exibidas ali uma mostra de arte moderna brasileira e outra de desenhos de Di Cavalcanti. Serviço
IMS Poços Rua Teresópolis, 90, Poços de Caldas, MG, Brasil. 35 3722 2776 Horário de funcionamento: Terça a sexta, das 13h às 19h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h. Entrada gratuita