Transparência
O 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial, divulgado recentemente pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), lança uma luz sobre uma questão persistente e desafiadora na sociedade brasileira: a desigualdade salarial entre mulheres e homens. Os dados revelam que as mulheres ganham, em média, 19,4% a menos que os homens no Brasil.
Consolidado a partir das informações coletadas pelo eSocial, sistema federal que agrupa dados trabalhistas, previdenciários e tributários, este relatório inédito baseia-se na participação de 49.587 empresas brasileiras com 100 ou mais funcionários. Esses dados, referentes ao ano de 2022, confirmam o que muitos estudos já sugeriam: a existência de uma barreira invisível que separa mulheres e homens em termos de remuneração.
A desigualdade salarial é um sintoma de uma problemática muito mais ampla, que inclui desde a divisão desigual de trabalho doméstico e cuidados, que frequentemente recai sobre as mulheres, até o acesso limitado a posições de liderança e setores da economia tradicionalmente mais lucrativos. Além disso, estereótipos de gênero e discriminação direta continuam a influenciar as decisões de contratação e promoção, contribuindo para a persistência dessa disparidade.
Diante desses dados, é imprescindível que a sociedade civil, o setor privado e os governos unam forças para enfrentar a desigualdade salarial de frente. Isso envolve não apenas políticas de igualdade salarial, mas também a implementação de medidas que visem aumentar a representatividade feminina em todos os níveis hierárquicos e setores da economia. Programas de mentoria, incentivos para áreas de estudo e trabalho tradicionalmente dominadas por homens e a promoção de uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a inclusão são passos fundamentais nessa direção.