Colaborador da Santa Casa conta sua história de superação na tribuna da Câmara
Poços de Caldas, MG – Na sessão ordinária da Câmara Municipal do dia 25 de junho, o colaborador da Santa Casa de Poços, José Augusto de Oliveira, subiu na tribuna para contar sua história de superação. José sobreviveu à uma Leucemia Linfoide e, hoje, curado, é Analista de Processos Hospitalares no Núcleo da Qualidade da Irmandade.
O convite veio do vereador Kleber Silva, que quis chamar atenção para pautas importantes, como o Junho Laranja: mês de conscientização sobre as leucemias (pelo fato de José ter tido essa doença) e também pelo Junho Vermelho, mês destinado à conscientização sobre doação de sangue.
“Apresentei um pouco da minha história para os vereadores, mas foquei mais na importância das bolsas de sangue nos processos dentro da Santa Casa, sobretudo pelo fato de eu ser funcionário do hospital e conhecer os processos. Falei um pouco da dinâmica da nossa Agência Transfusional, e do impacto negativo que gera para o hospital quando há poucos doadores! Obviamente, no final fiz uma reflexão e um forte chamado à ação: ‘puxei a orelha’ para que os vereadores nos ajudem mais nesta causa nobre”, conta José sobre sua participação na sessão da Câmara.
Luta e superação
José Augusto de Oliveira sempre foi um jovem saudável, jogava futebol, fazia musculação assiduamente e era um doador de sangue fidelizado. Em abril de 2020, já na pandemia, ele começou a sentir alguns desconfortos físicos anormais que aumentavam dia após dia. No final daquele mês, desmaiou em casa sem nenhum motivo aparente e foi até a UPA de Poços de Caldas. A médica plantonista, ao ver seu hemograma, suspeitou que poderia ser câncer. O diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda foi confirmado no dia 12 de maio de 2020, após um doloroso exame de punção de medula óssea realizado na Unacon.
“Até aquele momento, em maio de 2020, eu só tinha estado na Santa Casa uma vez, no nascimento da minha irmã. A partir de então, a Santa Casa passou a ser a minha segunda casa. Durante 8 meses fiz todas as minhas quimioterapias na Ala E e na Unacon, com um protocolo muito potente. Para o tipo específico de Leucemia que tive, as internações eram necessárias. Quando não estava internado devido às quimios, estava por causa das infecções, já que meu sistema imunológico estava muito fraco. Neste período as transfusões de sangue e plaquetas me salvaram em momentos muito críticos. A pandemia dificultava ainda mais a situação, com a Santa Casa sobrecarregada devido ao excesso de pacientes e também pela incerteza que pairava sobre a sociedade naquele momento”, conta José Augusto.
“Após terminar o tratamento quimioterápico, fui encaminhado, já em 2021, para o Hospital de Base (São José do Rio Preto -SP) para realizar o transplante de medula óssea e alcançar a cura definitiva. Fiz o teste de compatibilidade com minha irmã e nosso percentual foi tão baixo que era impossível dela ser a minha doadora. Deste modo, os médicos procuraram (e graças a Deus encontraram) no REDOME o meu doador. Eu não sabia quem tinha feito a doação – só viria a descobrir quase 2 anos mais tarde. O pós transplante também foi muito agressivo. Meu corpo rejeitou a medula e muitas abordagens foram necessárias para controlar as intercorrências. Neste período, também, precisei de muitas bolsas de sangue e plaquetas”, explica José Augusto.
Renascimento
Em 2022, José Augusto se recuperou e retornou para Poços de Caldas. Ele voltou a estudar, pois tinha trancado a graduação para focar em seu tratamento. Em 2023, teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o doador de sua medula óssea, que até então ele desconhecia por questões de segurança. José Augusto desenvolveu seu TCC dentro da Santa Casa ao longo do ano e finalmente se formou em Engenharia de Produção pela PUC Minas.
“Desde janeiro de 2024 estou trabalhando na Santa Casa, no setor da Qualidade, buscando retribuir um pouco ao SUS tudo aquilo que SUS me proporcionou. Além disso, faço muitas campanhas de doação de sangue e tento conscientizar as pessoas sobre a importância deste ato tão nobre. São as formas que encontrei de agradar a Deus e ajudar a salvar vidas, mesmo não sendo médico ou enfermeiro”, afirma o Analista de Processos.