“Desnatalidade”

Nos últimos anos, o declínio das taxas de fertilidade tem se mostrado um fenômeno mundial, e o Brasil não é exceção. Atualmente, mais da metade dos países apresentam taxas de fertilidade abaixo do nível de reposição, ou seja, insuficientes para manter o equilíbrio populacional sem diminuição. Estudos recentes, como o publicado na revista The Lancet, projetam que até 2100 apenas seis países — cerca de 3% dos 204 analisados — manterão taxas de natalidade adequadas para a reposição populacional. Em contraste, dados de 2021 apontam que apenas 46% dos países tinham taxa de fecundidade acima da taxa de reposição, concentrados em sua maioria na África Subsaariana.
Essas transformações são significativas, pois em 1950 a taxa de fecundidade global era de 4,84 filhos por mulher, enquanto em 2021 já havia caído para 2,23, e as projeções indicam uma queda para 1,83 em 2050 e 1,59 em 2100. Esse cenário conduz a um desafio crescente: o envelhecimento da população, que impacta não apenas o volume da força de trabalho, mas também impõe pressão sobre os sistemas de previdência e saúde.
O envelhecimento populacional e o declínio das taxas de fertilidade colocam em risco a sustentabilidade econômica, à medida que as nações, especialmente aquelas em processo acelerado de transição demográfica, enfrentam a crescente proporção de idosos e a diminuição de jovens em idade produtiva. Esse contexto exige que os países repensem políticas de incentivo à natalidade, qualificação da força de trabalho e, ao mesmo tempo, preparem-se para atender às demandas de uma sociedade que, inevitavelmente, envelhece.

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