Violência Doméstica
Os dados apresentados pela pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil, são um alerta grave para a sociedade brasileira. Revelam uma realidade que não pode ser ignorada: 21% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros ou ex-parceiros românticos. Entre elas, mulheres negras (pretas e pardas) enfrentam esse tipo de violência em maior proporção, evidenciando a interseção perversa entre racismo e machismo
Embora seja encorajador que seis em cada dez mulheres ameaçadas tenham rompido com seus agressores após a intimidação, o fato de que apenas 30% procuraram a polícia e 17% solicitaram medidas protetivas demonstra o abismo de desconfiança em relação ao sistema de justiça. Não é difícil entender o porquê: dois terços das mulheres acreditam que os agressores permanecem impunes. Essa percepção, reforçada pela experiência prática, é devastadora e desestimula a denúncia, perpetuando um ciclo de violência e medo. Além disso, o levantamento expõe outra questão crítica: a sensação de desamparo diante de um sistema que falha em proteger as vítimas. Medidas protetivas, embora importantes, muitas vezes não são eficazes na prática devido à falta de fiscalização. Essa falha estrutural põe em risco não só as mulheres que denunciam, mas também aquelas que, por medo ou desconfiança, optam pelo silêncio.
A violência contra a mulher não é um problema isolado ou privado. É um reflexo de uma sociedade que ainda tolera comportamentos machistas e negligencia a segurança das mulheres,. O enfrentamento dessa violência requer um esforço conjunto, com ações em várias frentes .Educação, Políticas Públicas, Justiça Eficaz e Apoio Comunitário
Não basta lamentar os números ou esperar que as vítimas tomem sozinhas a difícil decisão de romper com os agressores. É preciso agir para que nenhuma mulher se sinta desamparada ou silenciada diante da violência. Cada denúncia, cada política pública eficiente e cada gesto de solidariedade podem salvar vidas.