Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelam uma expectativa de vida ao nascer de 76,4 anos em 2023, simbolizam um marco importante na recuperação social e sanitária do Brasil. Após os profundos impactos da pandemia, que levaram a uma queda drástica na esperança de vida para 72,8 anos em 2021, o país retoma sua trajetória histórica de aumento na longevidade, mesmo que ainda enfrente desafios significativos.
O aumento de 0,9 ano em relação a 2022 reflete avanços no acesso à saúde e a resiliência da população frente a adversidades como a pandemia de Covid-19. Contudo, os números também nos convidam a refletir sobre desigualdades que continuam marcantes. A longevidade média, embora crescente, varia significativamente entre regiões, gêneros e classes sociais. As populações mais vulneráveis, especialmente as que vivem em periferias e áreas rurais, frequentemente não desfrutam do mesmo acesso a serviços de saúde e qualidade de vida.
Além disso, o envelhecimento da população brasileira, com a idade média saltando de 28,3 anos em 2000 para 35,5 anos em 2023, aponta para transformações estruturais que o país precisa abraçar. O aumento da longevidade demanda políticas públicas robustas em áreas como previdência, saúde e emprego, adaptando a sociedade a um perfil demográfico mais maduro. Investir na qualidade de vida dos idosos e em programas que promovam envelhecimento ativo é essencial para garantir que viver mais signifique também viver melhor.
Esses dados reforçam que o Brasil está em transição, tanto na superação de crises recentes quanto na adaptação a um novo perfil demográfico. A recuperação da esperança de vida é um sinal positivo, mas também um lembrete de que é preciso transformar esse avanço em um ciclo sustentável de qualidade de vida para todos os brasileiros. Afinal, viver mais só faz sentido quando se vive com dignidade, saúde e oportunidades.