Belo Horizonte, MG – Newton Cardoso, ex-governador de Minas Gerais, faleceu na madrugada deste domingo (2/2), no Hospital Orizonti, vítima de câncer, aos 86 anos. Seu velório será nesta segunda-feira, a partir de 7h, no Palácio da Liberdade, aberto ao público. Newton Cardoso foi o 41º governador de Minas Gerais, tendo iniciado o mandato em 15 de março de 1987 e finalizado em 15 de março de 1991. Foi também vice-governador no mandato de Itamar Franco. Ele era do MDB.
Nascido em Brumado, na Bahia, Newton era filho de Ápio Cardoso da Paixão e de Adélia da Silva Cardoso. Sua família era numerosa. No total, eram 15 irmãos. Ele veio da Bahia para Belo Horizonte quando tinha 16 anos, na época, para trabalhar na Magnesita, empresa de mineração, com sede em Brumado, mas que tinha uma subsidiária em Contagem, onde teve início sua trajetória política. O político, depois de se formar, concluiu o segundo grau no Colégio Anchieta, em BH, em 1959. Formou em direito, pela Pontifícia Universidade Católica, em 1966. Antes, estudou sociologia, na UFMG, mas não completou o curso. Na PUC, fez história, pois montou a cantina da faculdade, que antes não existia. Os estudantes tinham de sair para se alimentar até então. Ainda estudante, doou essa cantina ao estabelecimento de ensino. Newton Cardoso participou do Movimento Estudantil contra a ditadura. Foi tesoureiro da União Colegial de Minas Gerais (1958) durante a Presidência de Washington Nogueira de Oliveira. Fundou a Casa do Estudante de Minas Gerais (“Mofuce”), e presidiu o Grêmio General Sampaio (1959), quando era aluno do Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR).
Ao entrar na política, filiou-se ao Partido Republicano (PR), que era ligado ao Movimento Estudantil e Trabalhista. No partido, tinha como mentores Arthur Bernardes Filho, Clóvis Salgado e Tritão da Cunha. Deixou o PR quando o partido apoiou a candidatura de Jânio Quadros, à presidência do Brasil. Momentaneamente deixou a política. Tornou-se comerciante e se aventurou no setor industrial. Atuou no ramo de venda eletrodomésticos, mercado imobiliário. Com a decretação do AI-2 (Ato Inconstitucional 2), que implantou o bipartidarismo no Brasil, participou da fundação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Tornou-se tesoureiro do partido.
Em 1966 tentou, pela primeira vez, a carreira política. Foi candidato a Deputado Estadual, ficando com a segunda suplência. Em 1967, candidatou-se, pela primeira vez a prefeito de Contagem. Não se elegeu. Em 1972, conseguiu eleger-se prefeito da cidade, com 70% dos votos. Ao assumir o cargo, criou a Companhia Urbanizadora de Contagem (Cinco), empresa de capital misto, que ficou responsável por todas as abras públicas do município.
Newton Cardoso criou a Fundação de Assistência Médica de Contagem (Famuc). Promoveu uma reforma tributária, um novo cadastro técnico municipal e descentralizou as secretarias. Construiu a malha viária de Contagem. Foi o criador do projeto Complementação Urbana de Recuperação Acelerada (Cura), no bairro Eldorado. Construiu a Avenida João César de Oliveira, que interliga o município à capital Belo Horizonte e à BR-381.
Criou projeto de lei, aprovado pela Câmara Municipal de Contagem, que oferecia isenções fiscais de implantação, ampliação, melhoria e funcionamento de hotéis, pousadas, campings e outros estabelecimentos de interesse turístico. Adotou medidas de combate à poluição ambiental. De 1983 a 1988 cumpriu o segundo mandato como prefeito de Contagem. Antes disso, de 1979 a 1983 foi Deputado Federal. Obteve 135.900 votos, o segundo mais votado em Minas Gerais e um dos mais votados do Brasil. Newton Cardoso engrossava as fileiras de oposição ao regime militar da época. Tinha como bandeira, a defesa do meio ambiente. Teve um segundo mandato como Deputado Federal, de 1995 a 1996.
Fonte: Jornal O Estado de MInas – Foto: Divulgação