As contas públicas brasileiras encerraram o mês de fevereiro de 2025 no vermelho, com um déficit primário de R$ 18,973 bilhões. Os dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (8) reforçam a complexidade do cenário fiscal nacional. O resultado, que representa a diferença entre as receitas e despesas do setor público consolidado – excluindo o pagamento dos juros da dívida –, mostra que os gastos continuam superando a arrecadação, mesmo após diversas tentativas de contenção e ajustes.
Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, o país acumulou um déficit primário de R$ 15,885 bilhões, evidenciando a dificuldade em alcançar equilíbrio fiscal sustentável. Além disso, chama atenção o expressivo aumento nas despesas com juros da dívida pública, que passaram de R$ 65,166 bilhões em fevereiro de 2024 para R$ 78,253 bilhões no mesmo mês deste ano. Em apenas um mês, os gastos com juros praticamente dobraram, saltando de R$ 40,358 bilhões em janeiro para o patamar atual.
Esse crescimento das despesas financeiras compromete ainda mais a capacidade do Estado de investir em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura. O cenário é especialmente preocupante quando lembramos que o déficit primário desconsidera exatamente esses gastos com juros — o que significa que a real deterioração das contas públicas é ainda maior do que a cifra divulgada.
Para recuperar a confiança de investidores e da própria população, o Brasil precisa de medidas consistentes e responsáveis no campo fiscal. Reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, são cada vez mais urgentes, assim como uma gestão pública mais eficiente e transparente.
O equilíbrio das contas públicas não é apenas uma meta contábil: é condição fundamental para garantir estabilidade econômica.