A divulgação das Estatísticas Monetárias e de Crédito pelo Banco Central, nesta quarta-feira (9), escancarou uma realidade que afeta diretamente o cotidiano de milhões de brasileiros: a escalada dos juros bancários. Em fevereiro, a taxa média cobrada das famílias e empresas nas concessões de empréstimos no crédito livre alcançou alarmantes 43,7% ao ano. Trata-se de um aumento expressivo de 1,5 ponto percentual em apenas um mês e de 3,4 pontos percentuais em 12 meses.
A justificativa para essa alta está na elevação da taxa Selic, hoje fixada em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Trata-se do principal instrumento do Banco Central para conter a inflação. A lógica econômica é conhecida: juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e incentivam a poupança, o que, teoricamente, ajuda a reduzir a pressão sobre os preços.
No entanto, essa equação tem um efeito colateral preocupante: famílias mais endividadas, empresas com menos fôlego para investir e uma economia que cresce com dificuldade. Os juros bancários no Brasil estão entre os mais elevados do mundo, e sua alta afeta diretamente a vida de quem precisa de crédito para pagar contas, abrir um negócio ou sair de dificuldades temporárias.
O desafio do Banco Central é equilibrar o combate à inflação com a preservação do poder de compra e da capacidade produtiva da economia. A política monetária não pode ignorar os impactos sociais dos juros altos. É preciso mais diálogo entre as esferas econômica e social, com políticas públicas que ajudem a conter a inflação sem asfixiar o consumo, o emprego e o crescimento