Poços de Caldas, MG – Desde a última semana, a Estação de Tratamento de Esgoto ETE 3, localizada anexa à ETA V, na Rodovia do Contorno, recebeu um novo sistema para tratamento de esgoto sanitário, por meio de projeto de pesquisa da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), campus Poços de Caldas.
A parceria entre DMAE e Unifal é pioneira no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor. O novo sistema instalado é denominado “reator de leito estruturado e aeração intermitente”, com sigla SBRIA (Structured bed reactor with intermittent aeration).
A grande inovação deste modelo de reator é a sua capacidade de remover matéria orgânica e nitrogênio em uma única unidade de reação. Convencionalmente, para conseguir remover esses dois poluentes do esgoto sanitário, são necessários a operação de dois ou mais tanques, o que acaba encarecendo o tratamento e tornando-o inviável em países em desenvolvimento, como o Brasil.
Para o diretor do DMAE, Paulo César Silva, é uma grande satisfação poder ceder as instalações da ETE 3 para o desenvolvimento da pesquisa da Unifal. “Somos uma instituição aberta a novas ideias e ao pioneirismo. Estamos sempre buscando novas tecnologias e novos produtos para melhorarmos cada vez mais nosso serviço, visando o bem da população”, destacou.
Pesquisa
O desenvolvimento do novo reator começou em 2009, com a dissertação de mestrado do professor Rafael Brito de Moura, atual coordenador do projeto. Com os excelentes resultados encontrados em ensaios laboratoriais com o SBRIA, diversas publicações internacionais foram realizadas, mostrando a elevada eficiência do sistema e seu potencial de aplicação em maiores escalas.
“É neste ponto que o projeto de pesquisa, em parceria com o DMAE, se encontra. Estamos testando o reator SBRIA em escala real, com esgoto real. Este projeto teve início em abril de 2022 e os resultados encontrados são excelentes, gerando uma publicação na revista internacional Environmental Science and Pollution Research”, informa o professor do curso de Engenharia Ambiental.
A aluna da UNIFAL e ex-funcionária do DMAE, Talita Aleixo Barbosa, foi a pesquisadora que realizou o primeiro experimento com o reator em escala real, defendendo sua dissertação de mestrado neste tema. Outra servidora do DMAE e aluna do programa de pós-graduação da UNIFAL, Amanda Carvalhaes Souto Valim, continuou os estudos com o reator e vai defender o seu mestrado ainda em 2025. E os estudos com o reator continuam, uma vez que diversos parâmetros de projeto precisam ser validados antes deste modelo de reator se tornar uma tecnologia comercial.
Tecnologia pioneira
A grande inovação do novo modelo de reator é a sua capacidade em remover matéria orgânica e nitrogênio em uma única unidade de reação.
Atualmente, quase que a totalidade das estações de tratamento de esgoto conseguem remover apenas matéria orgânica, gerando um efluente tratado contendo concentrações significativas de nitrogênio. Este nitrogênio em excesso no curso d’água pode causar o fenômeno conhecido como eutrofização, que gera um aumento das algas e macrófitas dos rios.
Com o reator SBRIA, os resultados mostram a capacidade em remover tanto a matéria orgânica quando o nitrogênio em um único tanque, gerando um impacto econômico significativo no projeto de estações de tratamento de esgoto.
Além disso, diferentemente dos sistemas convencionais, o reator SBRIA trabalha com aeração intermitente, gerando uma economia energética na ordem de 30% quando comparado com reatores com aeração contínua. “São essas vantagens que tornam este sistema uma tecnologia atrativa e com grande potencial de aplicação para o tratamento de esgoto sanitário”, conclui o professor.
Além do DMAE, este projeto de pesquisa tem parceria com a empresa Carbofibras, que financiou a construção do sistema. Atualmente, as pesquisadoras Anna Flávia Pereira Montanari e Alessandra Giordani são as responsáveis pelo monitoramento e operação do reator, sob coordenação do professor Rafael Brito de Moura.