Recente pesquisa divulgada pelo Instituto Opinião revela um dado preocupante para a democracia brasileira: quase 50% dos brasileiros afirmam não confiar no Supremo Tribunal Federal (STF). O levantamento, realizado com 2 mil pessoas em todas as regiões do país, e com margem de erro de 2 pontos percentuais, escancara uma crise de credibilidade que atinge a mais alta Corte do Judiciário nacional.
De acordo com o sociólogo Arilton Freres, diretor do instituto, essa desconfiança crescente está diretamente relacionada ao protagonismo político assumido pelo STF nos últimos anos. De fato, o Supremo tem se tornado uma peça-chave em decisões sensíveis que antes se restringiam ao campo estritamente legislativo ou executivo. Seja em julgamentos sobre liberdades individuais, políticas públicas ou disputas institucionais, o tribunal frequentemente ocupa o centro do debate público.
Esse papel de destaque, embora previsto pela Constituição em contextos de omissão ou conflito entre os poderes, inevitavelmente expõe os ministros à opinião pública e, muitas vezes, à polarização política. Quando suas decisões contrariam expectativas populares ou interesses de grupos específicos, a consequência é o desgaste da imagem institucional.
A confiança no Judiciário é um dos pilares da estabilidade democrática. A perda dessa confiança, especialmente em uma instituição como o STF, representa mais do que um problema de percepção: é um alerta sobre a fragilidade do pacto social e das garantias constitucionais. Não se trata de restringir a atuação da Corte, mas de refletir sobre a necessidade de transparência, previsibilidade e equilíbrio nas suas ações.
É urgente restaurar a credibilidade institucional por meio de maior diálogo com a sociedade, decisões mais bem fundamentadas e, sobretudo, de um compromisso público com a imparcialidade e a legalidade. O descrédito da população não pode ser ignorado — é, antes de tudo, um sinal de que algo precisa mudar.