Poços de Caldas, MG – Em 2010, um sonho começou a tomar forma nas mentes e nos corações de dois amigos: O professor de Educação Física André Oliveira e o ex-jogador Paulista. Ambos compartilhavam o desejo de contribuir com o esporte na cidade e proporcionar às crianças uma oportunidade de crescimento através do futebol. Unidos pela paixão e pela amizade, deram início a um projeto que, este ano, completa 15 anos de história: a Escolinha Zico 10/Coopoços.
Essa é a primeira reportagem especial do Mantiqueira em homenagem aos 15 anos da escolinha. Ao longo da série, vamos revisitar os momentos que marcaram essa trajetória vitoriosa, com relatos emocionantes dos protagonistas dessa história. Na edição de hoje, entrevistamos Sérgio Azevedo — Sérgio da Coopoços — figura central na consolidação do projeto, além dos fundadores André Oliveira, Paulista e da técnica Marcela Carvalho.

O sonho que virou realidade
Em 2010, ao procurarem Sérgio Azevedo com a ideia de criar uma escolinha de futebol, André e Paulista encontraram receptividade imediata. Sérgio, apaixonado por futebol e torcedor fanático do Flamengo, já alimentava o desejo de oferecer mais opções de lazer e desenvolvimento para os cooperados, especialmente para as crianças.
“Então eu tinha uma pretensão aqui na proposta de ampliar os benefícios para o associado, principalmente para as crianças. Queria que as crianças tivessem atividade”, relembra Sérgio.
A proposta dos amigos veio ao encontro desse objetivo, e Sérgio não perdeu tempo. Mas ele queria algo grandioso, que tivesse um nome forte por trás. Foi então que surgiu a ideia de buscar a franquia da Escola de Futebol Zico 10. A ideia veio de Jucilene, que trabalhava com Sérgio na época, que encontrou informações sobre a franquia e trouxe a sugestão. O nome Zico brilhou aos olhos de todos.
“Aí eu vi esse negócio da escola do Zico, coisa boa. E aí veio o orçamento. Achei cara. Jucilene disse: ‘muito barato! Muito barato! Olha o benefício que vai ser’, comentou Jucilene”.

Um feito histórico: trazer Zico a Poços de Caldas
Um dos momentos mais icônicos dessa trajetória foi, sem dúvida, a vinda de Zico para a inauguração da escolinha em Poços de Caldas — algo considerado impossível por muitos. Sérgio insistiu. Ligou, mandou e-mails, negociou. E conseguiu o que ninguém imaginava: o craque confirmou presença.
“Até que cheguei num sábado, abri meu e-mail, o cara me respondeu: ‘você venceu’. Não sei por quê, mas o homem falou que vai”, conta Sérgio, emocionado ao lembrar.
Determinando-se a confirmar pessoalmente, ele viajou ao Rio de Janeiro, encontrou Zico, ouviu dele próprio a confirmação e ainda conseguiu um vídeo do craque anunciando sua vinda a Poços. “Aí eu tive certeza que vinha”.
A inauguração foi um espetáculo à parte. O ginásio poliesportivo lotado de flamenguistas e fãs do futebol vibrou com a presença do ídolo. Zico foi incansável: autografou camisas, tirou fotos com todos e esbanjou simpatia. Após o evento, foi jantar no tradicional restaurante Pampa, onde mais uma vez fez questão de atender a todos que o esperavam, mesmo sendo já quase uma da manhã.

Um exemplo de humildade
A simplicidade e atenção de Zico marcaram todos que participaram daquele momento. Sérgio lembra com carinho: “Você vê como é que é um cara que sabe o que é a importância dele para as pessoas. E hoje você tem uns caras que não são nada e te esnobam como se fossem alguém. E o Zico, que é o Zico, foi o primeiro a querer tratar bem todos os fãs.”
Em uma conversa informal com o craque, Sérgio perguntou como ele conseguia lidar com a rotina intensa de assédio dos fãs: “Ele falou: ‘tem que ter é paciência e memória’. Eu fiquei encucado com isso. Aí ele falou: ‘pra lembrar que tem que ter paciência’.”

Os frutos do trabalho coletivo
Desde então, a escolinha cresceu e se consolidou como uma referência no esporte local. Sérgio destaca a importância dos nomes que passaram pelo projeto — entre eles, a técnica Marcela Carvalho, primeira treinadora de futebol do projeto. “O Paulista e o André começaram, depois vieram outros nomes, o Zé Carlos somou muito, cada um teve a sua história própria.”
Hoje, alguns dos alunos da primeira turma já são pais — um sinal do tempo que passou e do legado construído.

Uma festa que celebra o passado e projeta o futuro
Para marcar os 15 anos da Escolinha Zico 10/Coopoços, Sérgio e a equipe planejam uma grande festa. Existe, inclusive, uma nova tentativa de trazer Zico novamente à cidade. A presença do eterno camisa 10 do Flamengo seria o fechamento perfeito para esse ciclo de sucesso, mas, mesmo que não aconteça, o evento será um marco.
“Independente dele vir ou não, a festa tem que ser. É uma coisa muito marcante. A escolinha foi muito boa pra proposta, atraiu os associados também. Foi ótimo.”
A Escolinha Zico 10/Coopoços é um exemplo de como sonhos se realizam quando há dedicação, parceria e paixão. Uma história que começou com dois amigos e um ideal, encontrou apoio em quem acreditou e venceu todas as barreiras com coragem, humildade e amor ao esporte.

Sonho com projeto social resulta na Escolinha Zico 10/Coopoços

Poços de Caldas, MG- Apaixonado por futebol desde criança, o professor de educação física André Oliveira viu na Escolinha Zico 10/Coopoços a um antigo sonho: oferecer oportunidades a jovens atletas por meio do esporte. Ele foi o idealizador do projeto que uniu paixão, experiência e responsabilidade social, em parceria com o ex-jogador Paulista e com o apoio da Coopoços.
Na época Andre já tinha mais de 10 anos de atuação em academias e também atuava como comentarista esportivo da TV Poços. “Sempre tive vontade de atuar diretamente dentro do esporte, e a chance se concretizou com a criança da Zico 10/Coopoços Juntos, eu e o tiramos esse projeto do papel”, conta.
André lembrou que a iniciativa nasceu com estrutura sólida. Com apoio do presidente da Coopoços, Sérgio, que abraçou a ideia desde o início, o projeto até hoje atende crianças e adolescentes de 8 a 15 anos. Além do ensino dos fundamentos do futebol, o trabalho ainda hoje tem um forte viés social. “Vamos muito além do treino. Priorizamos atenção à saúde e suporte nutricional. Em alguns núcleos a prioridade sempre foram crianças carentes
“A parceria com a Escolinha Zico 10 veio como um selo de qualidade para nós. Conseguimos construir algo que vai muito além do futebol – é um projeto de vida, um legado para toda uma geração”, destacou André com orgulho.
Para André Oliveira, fazer parte da história da equipe ao lado do Paulista, Sérgio e tantos outros envolvidos é motivo de enorme orgulho. “Entramos neste projeto com o coração cheio de sonhos e muita vontade de fazer a diferença na vida das pessoas. Acho que conseguimos”

Paulista relembra início da Escolinha Zico 10/Coopoços: “Mudou a história da minha vida”

Poços de Caldas, MG – Em 17 de maio de 2010, data do aniversário de sua filha, o então jogador profissional de futebol Paulista dava o primeiro passo rumo a um projeto que mudaria não apenas a sua trajetória, mas também a de centenas de crianças e adolescentes: a criação da escolinha de futebol Zico 10/Coopoços.
Naturalmente envolvido com o esporte, Paulista conciliava os últimos momentos de sua carreira nos gramados com o desejo de dar início a um novo ciclo. E foi com esse espírito de renovação e propósito que nasceu a parceria com a Coopoços, cooperativa dos servidores municipais de Poços de Caldas.
“Foi algo super importante, que mudou a história da minha vida. Eu ainda jogava profissionalmente, e meu grande sonho era finalizar minha carreira iniciando um novo projeto, algo que tivesse um impacto real na vida das pessoas”, conta.
O início de tudo foi impulsionado por uma amizade de longa data. Ao lado do professor de educação física André Oliveira, Paulista deu forma a uma ideia que já vinha sendo amadurecida entre conversas e sonhos: uma escolinha de futebol que unisse formação esportiva, cidadania e inclusão social.
A oportunidade surgiu com a apresentação do projeto ao então presidente da Coopoços, Sérgio, conhecido carinhosamente como “Sérgio da Coopoços”, e sua diretoria, composta por Ana Alice, Alexandre e Rogério. A proposta de oferecer aulas de futebol para os filhos dos cooperados encantou a todos e foi aprovada.
“A gente queria um trabalho voltado para crianças e adolescentes, filhos dos servidores. E foi um sucesso desde o início.”
O primeiro treino aconteceu em 10 de outubro de 2010, data que ficou marcada como o nascimento oficial da escolinha Zico 10 em parceria com a Coopoços. Desde então, o projeto cresceu, ganhou reconhecimento e deixou marcas profundas na comunidade.
Além de Paulista e André, o projeto contou no início com professores da academia da Coopoços como Marcela, Thiago e Diogo, que ajudaram a consolidar um trabalho de base sério e comprometido.
Com o tempo, a escolinha passou a contar com uma equipe multidisciplinar, que incluía nutricionistas, fisioterapeutas e atividades complementares. Frutas eram distribuídas aos alunos, eventos especiais faziam parte do calendário e as competições internas davam espaço para os meninos mostrarem o que estavam aprendendo — tudo em um ambiente de apoio e formação.
“Foi algo sensacional. A escolinha fez uma diferença enorme na vida de muitas famílias. A gente sempre teve um carinho especial pelos filhos dos cooperados, e ver que hoje muitos daqueles meninos são amigos, alguns até se tornaram profissionais do futebol, é algo muito gratificante.”
Mas mais do que formar atletas, o objetivo principal sempre foi formar cidadãos. E, segundo Paulista, esse legado continua vivo e sendo bem conduzido nos dias de hoje por nomes como Zé Carlos e Canhoto, que estão à frente da escolinha com competência e dedicação.
Ao relembrar a jornada iniciada em 2010, Paulista não esconde o orgulho e a emoção. O impacto da escolinha também reverberou em sua vida profissional. Foi por meio desse trabalho que ele foi convidado, anos depois, a assumir a Secretaria de Esportes em 2017, o que abriu as portas para sua carreira política como vereador — sendo eleito e reeleito em Poços de Caldas.
“As sementes foram lançadas ali. Tanto no esporte como na minha vida pública, tudo começou com esse projeto. Quando você faz algo com prazer e motivação, as coisas tendem a dar certo. E, graças a Deus e às pessoas que confiaram em mim, deu certo.”
Hoje, ele observa de longe, mas com o mesmo carinho de quem esteve desde o primeiro minuto. Paulista agradece à diretoria da Coopoços, aos professores e, principalmente, às famílias que acreditaram no projeto.
“O segredo do sucesso foi a confiança de todos. Famílias, professores, diretores, alunos. Juntos, fizemos a diferença. E fico muito feliz em saber que a escolinha continua em boas mãos. Que venham novos projetos e novas histórias.”

Marcela Carvalho relembra trajetória com carinho e orgulho

Poços de Caldas, MG – Marcela Carvalho fez história ao se tornar a primeira mulher a treinar uma escolinha de futebol em Poços de Caldas. Em entrevista ao Jornal Mantiqueira, ela compartilhou memórias e reflexões sobre o período que marcou o início de sua carreira profissional.
“Assim como a escolinha teve uma grande importância na vida de muitas crianças, ela também foi fundamental na minha vida profissional”, contou Marcela. Ainda estagiária quando começou sua atuação, ela foi convidada pelo então prefeito e pelos professores André e Paulista para integrar o projeto de futebol inspirado na metodologia do Zico, que estava sendo implantado na academia da Coopoços.
“Receber esse convite foi uma grande honra. Eu sempre tive uma paixão enorme pelo futebol e, até então, não havia mulheres atuando na preparação física ou diretamente no treinamento dessas crianças. Fui a primeira e abracei esse desafio com amor e responsabilidade”, lembra.
Marcela trabalhou com crianças de diferentes idades, de 4 a 16 anos, e criou laços duradouros com os alunos e colegas de equipe. “Era um contato muito próximo, de muito carinho. Tivemos professores incríveis ao longo do tempo, como o Tiago, o André e o Paulista. Cada um deixou sua marca.”
Com um perfil exigente, mas afetuoso, Marcela destaca que mantinha uma linha de cobrança, especialmente no aspecto físico, sempre com o objetivo de ajudar os alunos a evoluírem dentro do esporte. “Era firme, mas com amor. Queria que eles estivessem preparados, não só para o futebol, mas para a vida”, afirma.
Hoje, atuando como secretária no governo de Paulo Ney, Marcela reconhece a influência determinante daquela fase em sua formação. “Aquilo me definiu como profissional. Ali aprendi sobre responsabilidade, empatia e proximidade com as pessoas. Foi naquele ambiente, com aquelas crianças, que nasceu a profissional que sou hoje.”
Ela finaliza a entrevista com uma homenagem ao atual coordenador da escolinha. “Parabéns ao Zé Carlos, que está à frente hoje, e a todos os professores que mantêm esse projeto vivo. É uma iniciativa linda, que continua transformando vidas.”

PAULO VITOR DE CAMPOS
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