A análise do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) revela de forma contundente a profunda desigualdade educacional existente no Brasil. De acordo com o levantamento, realizado pela primeira vez no país em 2021 e divulgado em 2023, os estudantes com menor nível socioeconômico apresentam desempenho drasticamente inferior em leitura.
Enquanto 83,9% dos alunos do 4º ano do ensino fundamental oriundos de famílias de renda mais alta — acima de R$ 15 mil mensais — alcançam um aprendizado adequado em leitura, apenas 26,1% dos estudantes mais pobres conseguem atingir o mesmo nível. Pior ainda, quase metade dos estudantes de menor renda apresenta nível de aprendizado classificado como “abaixo do básico”, demonstrando sérias dificuldades de compreensão textual.
O dado é alarmante e reforça a necessidade de políticas públicas urgentes para combater a desigualdade no acesso à educação de qualidade. O fato de apenas 5% dos estudantes brasileiros pertencerem à faixa de maior nível socioeconômico — e serem justamente os que obtêm melhor desempenho — mostra que o problema é estrutural e está fortemente relacionado às condições socioeconômicas familiares.
Investir em educação básica, oferecer suporte pedagógico individualizado e garantir condições mínimas de estudo, como acesso a livros, bibliotecas e tecnologia, são medidas imprescindíveis para reverter este quadro.
A leitura é uma ferramenta fundamental para o exercício pleno da cidadania. Negá-la, ainda que de forma indireta, é comprometer a democracia e a igualdade de oportunidades. Os resultados do PIRLS acendem um alerta que não pode ser ignorado.