Poços de Caldas, MG – O livreiro Marciel Claro, figura tradicional no mercado editorial da cidade, conversou com o Jornal Mantiqueira e compartilhou sua visão sobre o impacto do festival, tanto do ponto de vista comercial quanto afetivo.
“A expectativa é muito grande. A gente vai receber autores como Walter Ugumay, Itamar Vieira Júnior, Pedro Pacífico, além de outros premiadíssimos, ganhadores do Prêmio Sesc, Jabuti, e muitos autores da nossa própria cidade. Grandes nomes estão por aqui, já circulando pela Vila Literária”, destacou.
Além da literatura, o evento se expande para outras linguagens artísticas. “Existe o palco principal, o Sulfurosa, o Coreto Cultural, e diversas programações paralelas: temos o espaço Dallas Co, o Bold Bloom, e o palco Levê de Cerveja, onde sempre há um show ao final do dia, todos os dias, com bandas já definidas pela curadoria.”
Marciel lembra que o contato direto entre leitor e autor é uma das grandes riquezas do festival. “Além da programação oficial, tem a possibilidade de encontrar os autores no estande da livraria, conversar, pedir autógrafo, trocar ideias. Isso a internet não oferece. Hoje a gente concorre muito com a venda online, mas nada substitui essa vivência presencial.”
Para os livreiros, o Flipoços representa mais do que apenas uma boa oportunidade de negócios — é um momento de celebração e reconhecimento. “A feira é a coroação de um trabalho que a gente realiza o ano inteiro. Porque no dia a dia, você lê o livro, mas não conhece quem escreveu. Quando você encontra o autor, quando vê que tem um ser humano por trás daquelas palavras, é mágico. O livro floresce, ganha vida”, afirmou.
O livreiro também destacou a evolução do evento ao longo dos anos. “Antes, lá na Urca, era muito mais voltado a livrarias pequenas, sebos, livros usados. Hoje, as principais editoras do Brasil estão aqui: Companhia das Letras, DarkSide, Editora 34, Boitempo, Planeta, Record. Isso mostra como o festival se profissionalizou e passou a ser visto com outros olhos.”
Marciel observa que o Flipoços hoje já se posiciona entre os grandes eventos literários do país. “Não sei se em números compete com Paraty, São Paulo ou Rio, que são capitais. Mas proporcionalmente, o reconhecimento é altíssimo. As editoras nos procuram diretamente, querem expor seus títulos aqui, tratam o festival com o mesmo respeito que tratam as grandes eventos.”Mais do que apenas vender livros, para ele, o Flipoços é sobre criar conexões. “É um espaço onde o livro deixa de ser só um produto e se transforma numa experiência. O leitor encontra seu autor favorito, participa de um bate-papo, assiste a um show e sai dali com uma lembrança, uma emoção. Isso não tem preço.”
Ao final da entrevista, Marciel reforçou o sentimento que move todos os envolvidos: “É sempre emocionante ver tudo isso acontecer. E a gente faz parte disso com muito orgulho.” (PVC)