A literatura poços-caldense
Hugo Pontes
Professor, poeta e jornalista
A literatura produzida em Poços de Caldas pode ser dividida em duas vertentes. A primeira é a literatura histórica, escrita por intelectuais, que surgiram nas mais variadas etapas da evolução da cidade e registraram suas impressões sobre o espaço urbano e seus habitantes e sobre as águas termais e suas propriedades curativas.
O primeiro escritor, residindo em terras poços-caldenses, a abordar em livros os temas mencionados acima foram os médicos Pedro Sanches de Lemos e Mário Mourão.
A segunda vertente reúne autores que manifestaram sua intelectualidade através dos livros de histórias, poemas, romances, contos, novelas e memórias.
São poucas as cidades que podem se orgulhar da existência de tantos livros com temas sobre a sua história. Esse é o caso de Poços de Caldas
Na literatura científica nossos escritores trabalharam com afinco nas pesquisas sobre as águas termo sulfurosas e registraram seus trabalhos em livros os quais trouxeram informações valiosas para a medicina hidrológica quer em relação ao Brasil ou ao exterior.
A memória de nossos autores vale-nos para que possamos entender seus sentimentos em relação à família, a terra e a personalidade de todos aqueles que se dispuseram a falar de si . Na literatura como criação, os nossos poetas, em sua grande maioria, expressaram seus sentimentos utilizando-se o recurso dos versos na sua forma mais tradicional, como o fizeram os poetas do Romantismo ou do Parnasianismo.
Assim, inúmeros escritores trabalharam o soneto, como forma mais adequada de apresentarem suas ideias e sentimentos. Outros, como o poeta José Asdrúbal Amaral e Omar Pereira, voltaram-se para o experimentalismo e tiveram sucesso, uma vez que há registro deles no contexto da literatura nacional, fazendo parte do Movimento Neoconcretista Ceará-Minas.
O romance, tal como o conto, não é uma manifestação comum entre os escritores poços-caldenses. Na sua grande maioria os romances que foram produzidos ao longo do tempo têm uma estrutura narrativa consistente. Podemos citar os escritores Jurandir Ferreira, Edmundo Cardillo, Luís Roberto Judice, Antônio Luiz Fontela e Teresa Maria Valques.
A novela, conforme o próprio nome diz, encerra conflitos que vão se desenrolando no decorrer dos capítulos. A sua narrativa é simples, bem ao gosto do público leitor.
Pouco podemos falar sobre a literatura infanto-juvenil poços-caldense, mas encontramos alguns autores que se voltaram para o público infantil e adolescentes citando Fabiana Scassiotti, Fernando Ferraz, Davi Daniel e Pamela Mira. O gênero ganhou muita força, no Brasil, a partir da década de 1970 e hoje temos inúmeros escritores que se dedicam à modalidade.
A crônica mostra registro de textos publicados na imprensa, ao longo de um período, conforme podemos comprovar nos livros de Luís Nassif, Odair, Lurdinha Camillo e Wiliam de Oliveira.
Na literatura voltada para o humor poucos foram os escritores que se detiveram em escrever e publicar algum trabalho. Citamos aqui Clésio Tardelli.
Em linhas gerais, esta é a panorâmica na qual situamos a literatura em Poços de Caldas, sempre lembrando que no conjunto da obra é uma das cidades interioranas em que a literatura sempre esteve presente e destacando-se pelo número de escritores e obras publicadas.