Presidente da Câmara, vereador Douglas Dofu, avalia semestre e fala de futuro político
Poços de Caldas, MG – A Câmara Municipal entrou em recesso esta semana. Serão quinze dias até a volta das sessões, no início de agosto. O Mantiqueira, como é de costume, conversou com o presidente da Casa sobre o semestre. O vereador Douglas Dofu assumiu este ano e é o presidente mais jovem da história da Câmara Municipal. Nesta entrevista ele destaca como está sendo este primeiro ano como presidente e ainda sobre o futuro político com possibilidades de disputar a eleição para prefeito ou esperar mais um pouco e buscar uma vaga como deputado.
Mantiqueira – Que balanço fazer deste primeiro ano de mandato?
Douglas Dofu – Foi um início de ano bem conturbado, tivemos pautas muito delicadas e, enquanto presidente da Câmara Municipal, eu acho que nós, com a boa relação que temos não só entre os vereadores, mas também com os servidores, conseguimos avançar em muitas questões administrativas, questões que às vezes não tem tanta visibilidade para as pessoas de fora, mas que impactam a vida delas. Fazendo algumas pontuações, estamos finalizando o reorganograma da casa. Foi uma promessa que tínhamos de campanha para a presidência. Com a Fundação João Pinheiro, criamos uma comissão dos servidores para fazermos isso, começar do zero mesmo com questões do plano de cargos e salários, atribuições dos nossos servidores, extinção de cargos, enfim, fazer toda essa repaginada no nosso organograma da casa e, isto, está em fase final. Em agosto já devemos finalizar este trabalho e fazer os projetos de resoluções. Certamente vamos precisar abrir concursos na Câmara Municipal já que há muitos anos não temos. Se não me engano o último foi em 2015, ou seja, há alguns anos não tem concurso aqui. Será muito bom para a população já que vamos gerar empregos dando oportunidade para que as pessoas possam contribuir com a cidade, servir enquanto poder legislativo.
Mantiqueira – O ano teve votações tensas. O que dizer sobre isto?
Douglas Dofu – A questão dos carrinhos de lanche não passou por uma votação, mas sim por uma decisão do prefeito. Toda aquela tramitação que todos acompanharam de perto e, de fato, eles teriam que sair daquele local, só que foi muito polêmico. Nós passamos aqui umas quatro, cinco sessões com as pessoas vindo aqui, pedindo ajuda, até porque nós somos os representantes da população e eles têm que vir aqui mesmo, cobrar. Sempre defendemos o diálogo e sempre pautamos pelo respeito com as pessoas para que se pudesse buscar a melhor solução para essa questão. Não foi da forma que nós entendíamos que tinha que ser , mas quando veio a reintegração de posse virou uma questão judicial mesmo, fugiu da nossa alçada, mas nós não deixamos de atender ninguém. Proprietários, representantes dos trailers, todos tiveram atenção sempre que vieram aqui na Câmara Municipal. Fiz questão de conversar com todos. Foi um mês e meio bem intenso, uma situação complicada mesmo, a gente entendia o desespero das pessoas, mas ao mesmo tempo estamos vendo as pessoa se adaptando em outros pontos na cidade, pagando seu aluguel, tendo a sua dignidade volta e trabalhando normalmente, gerando emprego e renda aqui para nossa cidade. Mas realmente foi uma pauta que gerou um desgaste muito grande para todos nós, não só a Câmara Municipal, como para a própria Prefeitura.
Mantiqueira – E a nova polêmica da mudança do estatuto dos servidores. Como lidar com mais esta situação?
Douglas Dofu – Nesta última terça-feira tivemos uma sessão bem movimentada sobre a mudança do regime jurídico estatutário. Semana passada nós tínhamos gravado um vídeo com o prefeito Sérgio e a Marieta, presidente do sindicato, onde nós tínhamos buscado o consenso. Entre nós, os poderes e também o sindicato. Esta conversa foi para que nós pudéssemos retirar esse projeto, apresentar um novo, com algumas alterações pontuais e importantes, acompanhado com o plano de cargos e salários dos servidores da Prefeitura e do DMAE. Sem estas mudanças os prejudicados seriam os nossos servidores já que eram os únicos estatutários. Rapidamente criamos uma comissão interna dos para poder fazer essas recomposições e conseguimos montar um projeto. Esse projeto tive que retirar também porque só ele só entraria junto com o projeto do estatuto. Com mais esta retirada não conseguimos votar nenhum projeto e foi a melhor decisão mesmo por se tratar de um projeto muito amplo e que precisa de uma discussão e escutar os servidores.
Apesar de não conseguimos votar, teve uma movimentação muito grande aqui, acho que toda imprensa conseguiu acompanhar na última terça-feira como foi difícil a gente conduzir a sessão com as pessoas fazendo barulho, não deixando alguns vereadores falarem, foi uma situação bem complexa, mas no final, a gente conseguiu buscar uma saída que foi a audiência pública, que os vereadores já tinham proposto. Esta audiência é importante para explicar o projeto. Infelizmente foram colocadas muitas inverdades a essa situação e acho que vai ser um momento de poder esclarecer e também pontuar as possíveis alterações no projeto, Entendemos a importância de passar esse projeto para a cidade. Hoje são pouquíssimas cidades que ainda tem regime celetista, trata-se de uma decisão do STF desde 2007 que decidiu que na gestão pública tem que ser regime estatutário, mas para isso é preciso de uma ampla discussão para que a gente possa buscar o consenso. Não pode prejudicar nenhum servidor.
Mantiqueira – Como presidente da Câmara, o que mudou para o vereador Douglas Dofu?
Douglas Dofu – A intensidade de trabalho triplica porque enquanto presidente, nós somos ordenador de despesa, então uma responsabilidade muito grande já que é o nosso CPF, na assinatura de todos os empenhos. É preciso ter muita cautela nas questões administrativas, mas apesar de ser um quadro de servidores enxuto, os nossos servidores são excelentes, prestam um trabalho muito bom. Temos conseguido avançar em muitas questões administrativas e a melhoria organizacional entre os servidores. Conseguimos uma parceria com a Secretaria de Esportes para que tenha ginásticas aqui, isso vai melhorar o ambiente na Câmara Municipal. Também estamos aprimorando cada vez mais o nosso sistema. O objetivo é zerar a circulação de papel internamente. Precisamos melhorar o nosso sistema e estamos trabalhando para isso. No plenário já melhorou com uma mudança que começou na gestão do ex-presidente Marcelo Heitor e a gente está dando continuidade nessa modernização. Passamos por uma dificuldade muito grande e precisamos trocar todo o sistema da Câmara Municipal. Atrasou um pouco já que tivemos um problema com a antiga empresa que prestava serviço. Agora estamos com a nova empresa, tudo correndo de forma mais clara e transparente. Quando decidi me candidatar à presidência da Câmara Municipal de Poços de Caldas, muitos expressaram suas preocupações e receios em relação às responsabilidades administrativas que eu teria que enfrentar. No entanto, ao longo deste período, pude constatar que essas expectativas estavam equivocadas, pois as demandas administrativas se intensificaram e exigiram ainda mais de mim. No entanto, encontrei maneiras de gerenciar essas demandas de forma eficiente. Dividi as tarefas e me dediquei tanto ao papel de presidente quanto ao de vereador, reconhecendo a importância deste último para a representação da população que confiou em mim. A capacidade de conciliar essas responsabilidades se deve à minha intensidade de trabalho e ao compromisso que assumi com o serviço público. Estou verdadeiramente feliz em desempenhar a função de presidente e sou grato aos vereadores e meus pares pela confiança depositada em mim. Mantenho uma postura de respeito aos meus colegas e estou sempre aberto a ouvir suas sugestões de melhoria, visando sempre buscar o melhor atendimento para a população que representamos. Reitero o meu compromisso em servir a população de Poços de Caldas de forma eficiente e eficaz. Para isso, é essencial estar próximo das pessoas, visitar os bairros, participar de eventos e assim compreender as necessidades e demandas da nossa comunidade. É por meio dessa abordagem que me esforço para garantir um atendimento de qualidade e buscar soluções que beneficiem a todos. Com a intensidade de trabalho e a crescente responsabilidade, estou verdadeiramente feliz em assumir o desafio de presidir a Câmara Municipal. Demonstrar meu comprometimento em aprimorar constantemente o meu papel é oferecer serviços de excelência. Respeito profundamente meus colegas vereadores e valorizo suas contribuições, pois juntos podemos representar e atender às necessidades da nossa amada população poços-caldense.
Mantiqueira – Como está o processo de uma possível mudança para o prédio onde hoje funciona o Fórum?
Douglas Dofu – Estas conversas começaram na gestão do ex-presidente Professor Carlos quando começou a ser pleiteada a mudança para o prédio e ali ser nova sede da Câmara Municipal. Existia também a questão de construir uma nova sede, mas os valores são exorbitantes, era um projeto lindo, magnífico de Oscar Niemeyer, mas não conseguimos levar adiante, por isto voltamos com essa questão de ter o fórum como a Câmara Municipal e isso tem avançado bastante, o primeiro secretário, o vereador Cleber tem nos ajudado com o Governo do Estado, que é o dono do prédio, e esta conversa é importante para se fazer esse termo de sessão delel.
Mantiqueira – E esta mudança na assessoria jurídica?
Douglas Dofu – Sim, realmente houve uma mudança recente na assessoria jurídica da Câmara Municipal. O Dr. Cristiano Medeiros, a pedido dele, está deixando a Câmara neste mês. Ele foi uma pessoa excelente e realizou um trabalho brilhante, sempre respaldando nossos vereadores de forma exemplar. Agora, ele está retornando à iniciativa privada, onde possui seu próprio escritório e atende empresas privadas. Quanto à nova composição da equipe, é importante ressaltar que a Dra. Márcia Cunha irá integrar o nosso quadro. Essa informação já foi amplamente divulgada, mas é válido reforçar para todos os leitores do Jornal da Mantiqueira. A Dra. Márcia Cunha assumirá a assessoria jurídica da Câmara Municipal a partir do início de agosto. Estamos confiantes em seu profissionalismo e expertise para desempenhar um excelente trabalho em nossa instituição.”
Mantiqueira – Douglas Dofu será candidato a prefeito?
Douglas Dofu – Fico muito feliz com essa movimentação em relação ao meu envolvimento na sucessão do prefeito Sérgio. É gratificante ver que meu nome está sendo lembrado e reconhecido, o que demonstra que meu trabalho está sendo valorizado e que possui potencial para, quem sabe um dia, ser prefeito. No entanto, é importante ressaltar que uma candidatura não pode ser imposta. Ela deve ser sempre uma construção coletiva, um consenso do grupo. Nosso vice-prefeito, Tio Júlio, que é do meu partido, é o nosso candidato natural. Tenho um imenso respeito e carinho por ele, e fico feliz com esse reconhecimento. Mas é fundamental compreender que tudo deve passar por uma construção coletiva, avaliando quem está melhor posicionado e possui potencial para assumir o cargo de prefeito. Não há nada certo ainda, e quero tranquilizar a todos em relação a isso. Existem várias possibilidades no cenário político, e continuaremos trabalhando com a mesma intensidade desde o início de 2021, para que sejamos sempre lembrados pela população.
Mantiqueira – Caso Tio Júlio desista, como dizem os boatos que circulam na cidade, você aceitaria o desafio?
Douglas Dofu – É sempre importante estar preparado para os desafios que surgem na gestão pública. Se eu recebesse a oportunidade de assumir o desafio de ser prefeito, eu aceitaria. A política é muito dinâmica e baseada em momentos, e estar preparado é essencial quando se tem o propósito de servir. Atualmente, estamos em uma trajetória positiva com minha eleição como presidente. No entanto, é importante lembrar que em política, basta uma pequena falha para que tudo mude e as pessoas estejam prontas para criticar e desestabilizar. Por isso, é fundamental manter uma postura coerente, um trabalho intenso e ser lembrado por isso. Não devemos negar as oportunidades que a vida nos oferece, pois elas podem passar. Portanto, mantenho em aberto todas essas possibilidades. Já falam do meu nome para a candidatura de deputado em 2026, mostrando que as perspectivas estão sendo projetadas a longo prazo. No entanto, devemos focar no presente e trabalhar arduamente, pois ainda há muito a ser feito pela cidade. Deixo a mensagem de que tudo está em aberto, mas reforço que nosso candidato natural seria o vice-prefeito Tio Júlio. No entanto, a vontade de ser prefeito deve partir dele, pois é uma decisão pessoal e uma vontade genuína. Além do apoio do grupo, é essencial que a pessoa esteja motivada e determinada a assumir o papel de novo prefeito de Poços de Caldas. O momento muito bom, cheio de possibilidades.
Paulo Vitor de Campos
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