Pinhal vive movimento com o enoturismo, município já possui nove empresas do setor
Espírito S. Pinhal, SP – A cidade de Espírito Santo do Pinhal, localizada a 190 km da capital paulista, construiu sua economia em torno do café ao longo de mais de 100 anos, como muitos outros municípios do Brasil. Entretanto, essa realidade está sofrendo uma transformação significativa com a introdução de uma nova cultura na região: a produção de uvas para a fabricação de vinhos. O marco dessa virada de página na história de Espírito Santo do Pinhal foi a chegada da Vinícola Guaspari em 2001, quando membros da tradicional família Brito, atuante no agronegócio, adquiriram terras previamente dedicadas ao cultivo de café.
Sendo a pioneira a investir na plantação de videiras e na produção de vinho na localidade, a Vinícola Guaspari liderou um movimento que atualmente atrai diversos outros empreendimentos para a região. Esse mergulho no universo dos vinhos já está refletindo em números de investimentos consideráveis direcionados ao pequeno município, com pouco mais de 40 mil habitantes, que agora se encontra em uma espécie de “corrida do ouro”, com empresários em busca de terras férteis para o cultivo de videiras e outros negócios.
Um levantamento realizado pela prefeitura local identificou aproximadamente R$ 500 milhões em investimentos ligados ao setor de turismo, incluindo novas vinícolas, wine bars, hotéis, restaurantes e outros empreendimentos que já estão em algum estágio de desenvolvimento na região.
Mas como uma cidade que por tanto tempo se dedicou à exportação de um único produto conseguiu fazer essa transição “do café para o vinho”? De acordo com a diretora de turismo de Espírito Santo do Pinhal, Loriane Salvi, a mudança começou em 2014, quando a administração local decidiu investir na transformação do município de um polo exportador de commodities em uma região turística, apostando no crescimento do enoturismo.
Nesse novo capítulo, a chegada da Vinícola Guaspari desempenhou um papel fundamental. A diretora executiva da vinícola, Fabrizia Zucherato, explica que a qualidade dos vinhos locais é resultado da combinação de fatores biológicos, climáticos e um toque de inovação. Segundo informações da administração local, há atualmente 28 projetos de vinícolas em andamento no município, dos quais nove já estão operacionais. Vale ressaltar que, apesar do crescimento do setor vinícola, a produção de café ainda predomina na cidade, com aproximadamente 950 produtores de cafés especiais registrados na prefeitura.
Entre os novos empreendimentos relacionados à viticultura está a Vinícola Amana, controlada por um grupo de 40 investidores brasileiros e estrangeiros. Com a chegada da fase de envase das primeiras safras, a expectativa é alcançar a meta de produzir 120 mil garrafas de vinho nos próximos anos. Segundo a prefeitura, uma das principais necessidades dos novos empreendimentos é a busca por trabalhadores no setor de serviços, devido à abertura de novos hotéis, bares e restaurantes. Para resolver esse problema, o governo municipal estabeleceu parcerias com instituições de formação profissional e tem buscado atrair mão de obra por meio das iniciativas das próprias empresas.
Conteúdo publicado por Wesley Gonsalves – Jornal O Estado de S. Paulo – Foto: Tiago Queiroz/Estadão