“Guerra”
A utilização de estatísticas e números nas campanhas eleitorais é uma prática comum, porém, muitas vezes, os dados são interpretados de maneira tendenciosa, levando os eleitores a dúvidas significativas. Um exemplo recente dessa disputa de números surgiu durante a campanha eleitoral para presidente, na qual foi alardeado que cerca de 33 milhões de pessoas estavam passando fome no país.
Entretanto, os dados mais recentes da Síntese de Indicadores Sociais, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste dia 6 de dezembro, apresentam uma perspectiva diferente. Segundo o IBGE, a extrema pobreza no Brasil caiu em 2022, passando de 9% para 5,9%, uma redução significativa de 34%. Essa diminuição representa que aproximadamente 6,5 milhões de pessoas deixaram a condição de extrema pobreza, seguindo os critérios estabelecidos pelo Banco Mundial.
Os dados mais detalhados revelam que, em 2022, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil era de 12,7 milhões. Essa cifra é três vezes menor do que aquela que foi amplamente divulgada durante a campanha eleitoral. Essa discrepância aponta para a necessidade de uma análise cuidadosa e crítica dos números apresentados em contextos políticos, visto que a manipulação ou interpretação seletiva pode distorcer a realidade e influenciar a percepção pública.
A diminuição da extrema pobreza é um indicador positivo, mas a batalha pela interpretação dos dados reflete a importância de uma abordagem mais transparente e responsável na comunicação política. Os eleitores merecem informações precisas e contextualizadas para tomar decisões informadas durante o período eleitoral.
Em última análise, a “guerra” de números deve ser substituída por um compromisso coletivo com a verdade e a honestidade na apresentação dos dados.