Jóia de Saramago, Ensaio sobre a cegueira é a indicação de leitura desta semana

Poços de Caldas, MG – “Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”. Toda a força da prosa de José Saramago na sua alegoria sobre a humanidade: Ensaio sobre a cegueira é a indicação de leitura desta semana.
Um homem fica cego, inexplicavelmente, quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira se alastra como um rastilho de pólvora. Uma cegueira branca, coletiva, nesse romance contundente que mostra como Saramago viu sempre mais longe.
Personagens sem nome num mundo com as contradições da espécie humana, que não se situa em nenhum tempo específico, é um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. Segundo o próprio autor, Ensaio sobre a cegueira “é uma tentativa de nos perguntarmos o quê e quem somos. E para quê? Provavelmente não existe uma resposta e, se existisse, seguramente não seria eu a pessoa capaz de oferecê-la. No fundo, o que o livro quis expressar é muito simples: se somos assim, que cada um se pergunte porquê”.
Ensaio sobre a cegueira foi lançado em 1995 e brilhou também nos cinemas. O filme homônimo de Fernando Meirelles estreou em 2008, com Julianne Moore, Mark Ruffalo e Alice Braga no elenco.
Toda semana, o @bibliotecaspublicasdepocos, perfil das bibliotecas públicas de Poços de Caldas no Instagram, divulga uma sugestão de leitura. O objetivo é democratizar o acesso ao acervo bibliográfico, chamar a atenção de novos leitores e ampliar a visitação da comunidade local aos espaços, atuando no fomento ao livro, à leitura e à literatura.

Saramago
Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga, em Portugal. As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca.
Exerceu diversas profissões, como serralheiro, desenhista, funcionário público, editor e jornalista, antes de se dedicar apenas à escrita. Vencedor do Prêmio Camões em 1995 e Prêmio Nobel de Literatura de 1998, escreveu joias do romance, como O ano da morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento. Saramago faleceu em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, em 2010.
Ensaio sobre a cegueira está disponível para empréstimo nas bibliotecas Júlio Bonazzi (Monjolinho), Manuel Francisco Costa Guimarães (Cohab), Centenário (Urca) e CEU (Itamaraty).

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