Conectados
A era digital, apesar de suas promessas de universalização e inclusão, ainda deixa grandes lacunas quando olhamos para a realidade brasileira. Um estudo recente, realizado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revela um panorama de que apenas 22% dos brasileiros com mais de dez anos possuem acesso satisfatório à internet. Este dado contrasta fortemente com o fato de que 84% da população já utiliza a internet de alguma forma. O que esse contraste nos diz sobre a qualidade da nossa conectividade?
A “conectividade significativa”, termo utilizado no estudo, vai além do simples acesso. Refere-se a uma conexão estável, rápida e suficientemente robusta para permitir o desenvolvimento de atividades fundamentais como educação, trabalho e participação cívica. Nesse sentido, o Brasil mostra-se deficiente, com um terço da sua população enquadrada no nível mais baixo de conectividade.
É crucial, portanto, repensarmos as políticas públicas de acesso à internet. Não basta garantir que as pessoas estejam conectadas; é necessário assegurar que essa conexão seja de qualidade e verdadeiramente acessível. Isso implica em investimentos em infraestrutura que considerem as diversidades regionais, econômicas e sociais do país. Afinal, as diferenças territoriais no Brasil são marcantes, e políticas uniformizadoras tendem a ignorar as necessidades específicas de cada região.
Outro ponto crítico é a acessibilidade financeira. A tecnologia precisa ser vista como um direito básico, e não como um luxo. Portanto, os custos associados ao acesso à internet de alta qualidade devem estar alinhados com a realidade econômica do brasileiro médio. Isso requer uma revisão de tarifas e, possivelmente, mais competição no setor para reduzir preços.
O relatório do NIC.br mostra que, enquanto não houver um compromisso real com a melhoria da infraestrutura e com políticas públicas inclusivas, a desigualdade digital no Brasil continuará a ser um obstáculo ao desenvolvimento social e econômico.