Laços inquebráveis: Mães que inspiram no mundo do esporte em Poços de Caldas
Poços de Caldas, MG – A relação entre mães e filhos transcende as fronteiras do amor, carinho e dedicação, expandindo-se para o universo do esporte. Nesta reportagem, exploramos exemplos inspiradores de mães que não apenas moldaram suas vidas em torno do esporte, mas também serviram como espelhos para seus filhos seguirem o mesmo caminho. Andréa Martins, responsável pelos projetos esportivos da Secretaria Municipal de Esportes fala de sua dedicação incansável ao desenvolvimento do esporte em Poços de Caldas não passou despercebida por seu filho, que encontrou inspiração em sua mãe e hoje se destaca no basquete local.
Miranel Domingos é outro exemplo notável. Em uma família com uma tradição enraizada no atletismo, Miranel testemunhou e participou da jornada esportiva desde tenra idade.
Para Josane Faria, ser mãe de um atleta é uma montanha-russa de sentimentos. Ela conhece bem as alegrias, as preocupações e as emoções que acompanham o apoio a um filho dedicado ao esporte. Sua jornada como mãe de um atleta é marcada por momentos de orgulho e desafios, mas, acima de tudo, por um amor inabalável que transcende as vitórias e as derrotas.
Tem ainda Elaine Ferreira, que se divide entre ser mãe biológica e também de várias meninas que se aventuram no handebol.
“Mãe das meninas”
Elaine Ferreira é mais do que uma treinadora de handebol em Poços de Caldas – ela é uma mãe para centenas de meninas que encontram no esporte não apenas uma paixão, mas também um refúgio e uma fonte de aprendizado. Com uma dedicação que vai além das quatro linhas, Elaine se tornou uma figura inspiradora e um exemplo de amor e compromisso para suas atletas.
Para Elaine, ser mãe profissional não é tarefa fácil. Como mãe solo de um filho de 10 anos, ela entende as complexidades e desafios de educar uma criança no mundo atual. No entanto, ela dedica-se integralmente tanto ao seu filho quanto ao handebol, encontrando um equilíbrio delicado entre suas responsabilidades familiares e seu papel como mentora esportiva.
No meio do handebol, Elaine é conhecida carinhosamente como “mãe das meninas”. Sua abordagem vai além do treinamento esportivo, pois ela busca transmitir valores fundamentais de amor, família e respeito a cada uma de suas atletas. Para Elaine, seu papel como educadora é proteger, educar e inspirar suas meninas, independentemente de suas origens ou circunstâncias sociais.
O trabalho de Elaine é árduo, mas os resultados são gratificantes. Ao ver suas meninas crescerem e se tornarem mulheres fortes e confiantes, ela sente que sua missão está sendo cumprida. Com várias gerações de atletas que já passaram por suas mãos, Elaine recebe o reconhecimento de mulheres que creditam a ela parte de sua formação e sucesso na vida.
Ser mãe, para Elaine, vai além dos laços de sangue. É sobre transmitir amor, conhecimento e valores essenciais que moldam o caráter de suas atletas. E cada vez que uma menina se destaca e segue seu caminho com determinação, Elaine sente que alcançou uma vitória pessoal.
O desafio continua…..
“Ser mãe já é um grande desafio com todas as circunstâncias que este papel traz. Ser mãe de atleta então bem se fala, ainda mais sendo dois atletas”. As palavras são da professora Andréa Martins, responsável pelos projetos esportivos da Secretaria Municipal de Esportes, mãe de Enzo Cândido Martins e Silva de 19 anos e Hanna Heloisa Matins e Silva com 12 anos.
Enzo Candido é jogador de basquete da Associação Atlética Caldense desde os 13 anos, hoje também atua no Time Ades São João, de São João da Boa Vista – SP, já passou pelo Clube Ginastico de Belo Horizonte e é estudante do 3º Período de Educação Física na UNIFAE em São João.
Hanna Heloisa, por sua vez, vem se destacando na modalidade de voleibol, também na Associação Atlética Caldense, na categoria sub 14, onde ocupa a posição de levantadora e estão disputando a Liga de Campinas.
Nas várias conversas com os filhos, Andréa sempre deixou claro que ser atleta é muito difícil, já que é preciso abdicar de coisas importantes, como lazer, da vida social, enfim, ter uma vida diferenciada. “É preciso ter dedicação total”, completa.
Mas a professora conta que este foco nunca foi problema para Enzo e Hanna, que desde muito pequenos se mostraram interessados no esporte e na possibilidade de ser atleta e seguir na área da Educação Física, devido a trajetória do pai, Jonas Silva, ter sido atleta da modalidade de futsal e Andréa sendo Profissional de Educação física, sempre estando envolvida com o esporte em geral.
Esta vocação esportiva ajudou Andréa em sua rotina, que sempre ao sair para trabalhar e afazeres diversos, os filhos praticavam alguma atividade esportiva, contribuindo assim, para a formação educacional/esportiva das crianças, além da interação social.
Andréa ressalta a importância da prática esportiva para as crianças, as quais auxiliam no contexto familiar e educacional, bem como aos desafios do “Ser Mãe”, onde acompanha toda a rotina dos filhos, os estudos, as atividades, uma boa alimentação, além das nuances dentro da quadra, do ganhar e perder, do ficar feliz com a vitória e triste com a derrota, mas lembrando que tudo isso faz parte do aprendizado e construção.
“Ser mãe de um atleta é estar ali do lado na alegria e na tristeza, no pódio ou na última colocação, é estar junto num momento difícil como uma lesão e depois na recuperação. Estar junto na suplementação alimentar e na bobeirinha do doce que não pode comer. Ser mãe de atleta é algo surreal. Acredito que tenha muitas mães por aí que sabem perfeitamente o que estou falando. Quando a família está junto, quando se tem fé, um propósito, existe um foco e um objetivo, todas as dificuldades são vencidas, todas as adversidades são superadas. O esporte, muitas vezes é ingrato. Tem um dia que você vence e no outro é derrotado, você chora de alegria ou de muita tristeza e é assim mesmo que a vida caminha”, destaca a mãe professora.
Andréa sabe que muitos objetivos ainda vão passar na vida dos filhos, os quais tem muitos sonhos. Mas o mais importante, é que o esporte faz parte da nossa rotina diária.
Hoje o Enzo é referência para a irmã Hanna, que também está trilhando o caminho das quadras.. Eu, como mãe, onde eles decidirem ir, com meu marido estaremos juntos. Ser mãe neste momento, nesta formação do cidadão, é algo surreal, é a encrenca mais maravilhosa que uma mulher pode ter em sua vida. Ser mãe e sempre estar junto dos filhos nas escolhas, orientando e encaminhando, tudo é espetacular”, falou Andréa, que deseja muita força para todas as mães nesta data especial, principalmente para as mães de atletas como ela. “Fácil não é, mas temos que estar juntos neste propósito. Se não for para ser atleta, que seja um cidadão de bem, uma pessoa honesta, trabalhadora, leal, profissional porque é isso que o esporte traz para nossa vida e de nossos filhos”, falou a professora.
Andréa vive dentro das quadras desde os 13 anos de idade defendendo Campestre, sua cidade natal, e após deixar as quadras se formou e há 27 anos trabalha na Secretaria de Esportes de Poços de Caldas. Este grande envolvimento com o esporte fez toda a diferença na sua vida e de seus filhos. “Minha casa respira esporte. Meu marido jogou futsal durante muitos anos e, claro, nossos filhos não ficaram de fora. A cultura esportiva traz diversos benefícios, mas também abre portas para o mundo. Um jogar bola, vem junto o conhecimento da modalidade, a responsabilidade, o respeito às regras, respeito à diversidade. O esporte nos educa a conviver como cidadão dentro de um mesmo espaço. Tenho que te respeitar, você respeita o outro e assim o respeito sai numa corrente do bem. Este compromisso com o esporte, esta vivência da prática da atividade física só tem a contribuir com as famílias. É isso que estamos vivendo hoje. Quando se tem o esporte incluído no contexto familiar, a cultura, os projetos sociais que estão tão aflorados só têm a fortalecer as famílias e o vínculo social na construção do cidadão”, finalizou Andréa
Uma grande luta
“A mãe dos atletas divide a passagem aérea em 10 vezes para possibilitar a participação do filho no Mundial de X Terra na Itália. Sou mãe biológica de dois atletas Luiz Felipe de Oliveira Domingos, triatleta, e Lais de Oliveira Domingos, atleta. Além disso, me considero mãe dos atletas do Projeto do Amanhã. Cada superação deles me enche de alegria, pois a participação no projeto tem o poder de transformar vidas”. Seguir a mãe Miranel Domingos no esporte não foi nada difícil para Luiz Felipe, um colecionador de títulos em competições de triatlo. Ele cresceu vendo a mãe acordando todas as madrugadas para ir aos treinos. Depois acompanhou as conquistas maternas em competições Brasil afora e decidiu ser isso que queria para sua vida. A mãe, claro, deu todo o apoio e suporte necessário para ajudar Luiz Felipe. E alguém acha que ela se arrepende? Jamais. Miranel disse que faria tudo exatamente igual. “Foi muita luta, mas sou feliz pelo resultado que vejo hoje”, conta ela.
“Montanha-russa
de sentimentos”
A definição acima é perfeita e foi feita por Josane Faria, ex-treinadora de futsal feminino de Poços de Caldas e professora da Secretaria Municipal de Esportes. Ela é mãe de Maria Fernanda de Faria Horácio, atleta de vôlei, e Marcos Gonçalves Júnior, ex-jogador de vôlei. “Ser mãe de um desportista é uma experiência repleta de emoções, uma verdadeira montanha-russa de sentimentos”, disse Josane. “À medida que a criança cresce e segue sua jornada no mundo esportivo, a mãe, que é professora de educação física e ex-técnica de futsal feminino na cidade, que sempre incentivou muitas meninas, chegou a vez de incentivar sua própria filha a jogar voleibol”, destacou Josane. Ela conta que o voleibol entrou na vida de Fernanda quando ela tinha apenas sete ou oito anos, começando com atividades de iniciação esportiva em um bairro com o professor Renato. Aos quatorze anos, ela já jogava tão bem que foi para a Caldense. Com quinze anos, passou em uma seletiva e foi jogar em Uberlândia, no Praia Clube. “É realmente emocionante e gratificante ver que um esporte que começou como uma simples brincadeira agora se tornou a profissão da minha filha. Agradeço por tudo”, falou Josane. Ela também teve momentos de incentivar o filho Marcos, que jogou basquete, mas ele não seguiu no esporte.
Paulo Vitor de Campos
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