CRÔNICA PARA CLAZINHA
Hugo PONTES
Professor, poeta e jornalista
Um poeta, um cronista sempre estão nas nuvens buscando motivação para escrever um texto, por menor que seja. Hábito, vício ou necessidade de colocar suas ideias no papel. Várias são as razões.
Imagine, você leitor, andando pelas ruas, e encontrar na beirada da calçada um charmoso bilhete escrito em um papel amarelado, timbrado com a marca BRADESCO, contendo os seguintes dizeres:
“Clazinha –
Meu amorzinho. Que saudade de você Clá, ainda tô criando coragem prá dançar lambada, mas dá tanta vontade, quero ver você dançar até morrer. Meu amor estou mandando esta lembrancinha só para você não esquecer a mamãe. Não esqueço de você um minuto. Te amo demais, estou esperando a sua cartinha.
Lá na lambada eu vi um moço e uma moça do grupo K.oma. Dançam demais!!!
Um beijo bem carinhoso e um abraço apertado. Mamãe” 30.11.90 (MC)
Recolhi o papel que, certamente, estava sendo levado pelo vento, pelas ruas e ao acaso…
Meu primeiro impulso foi devolver para o lugar onde estava, mas algo falou mais alto e senti que esse bilhete, escrito há 33 anos, por certo tem as mãos de alguém que hoje deve ter mais de 50 anos e a Clazinha perto dos 30.
Por certo, ambas devem ter lembrança desse precioso documento e ainda têm boas recordações dos anos de 1990, auge da lambada. Por certo levam a vida com muito amor e amizade de mãe, filha e mães.