Eleições 2024: Minas é o estado brasileiro com mais desertos de notícias
Poços de Caldas, MG – Em um ano de grande importância para a democracia brasileira, com as eleições municipais se aproximando, o Redes Cordiais, em parceria com a Agência Lupa e investimento do Global Fact Check Fund (fundo global de verificação de fatos), reforça sua atuação para combater a desinformação nos “desertos de notícias” no país. Criado em 2018 com a missão de construir redes mais saudáveis e confiáveis, o projeto vem criando espaços de diálogo e troca, onde a liberdade de expressão cria comunidades comprometidas com debates democráticos. Durante as Eleições 2024, o foco será nas regiões carentes de cobertura jornalística.
Os chamados “desertos de notícias” são áreas geográficas onde há pouca ou nenhuma cobertura jornalística local, privando os cidadãos de informações essenciais sobre suas comunidades. Segundo o Atlas da Notícia, apesar da diminuição recente, o Brasil ainda possui 2.712 cidades consideradas “desertos de notícias”, com cerca de 26,7 milhões de moradores. “Essas regiões são particularmente vulneráveis à desinformação, especialmente durante períodos críticos como as eleições”, alerta Clara Becker, uma das fundadoras do Redes Cordiais.
Nesse mapeamento, os estados que se destacam são Minas Gerais, com uma população de 3.229.860 e a Bahia, com 2.295.425 pessoas vivendo em regiões consideradas desertos de notícia. Os critérios utilizados para a escolha desses estados, nessas regiões do país, para a realização dos treinamentos presenciais, levou em consideração o contingente populacional que não tem uma cobertura de jornalismo profissionais.
Nas eleições, o papel dos veículos de comunicação é fundamental para garantir um processo transparente e democrático. A ausência de imprensa local pode resultar em uma população suscetível a notícias falsas e manipulações, comprometendo a integridade do processo eleitoral. “Na nossa análise, verificamos que os estados que possuem o maior número de pessoas que vivem em ‘desertos de notícias’ são Minas Gerais e Bahia. Decidimos, então, atuar neste momento proporcionando treinamento e apoio para influenciadores de redes sociais e representantes de rádios comunitárias dos ‘desertos de notícias’ brasileiros. No treinamento, eles vão aprender a checar fatos e exercer uma influência responsavel”, explica Clara.
O que é exatamente um “deserto de notícia”?
Em contraponto à vibrante dinâmica das metrópoles informativas e seus grandes jornais, existem os “desertos de notícias”, áreas áridas em termos de comunicação, onde o acesso à informação local se torna um oásis distante. São municípios, geralmente de pequeno porte, que sofrem com a ausência ou escassez de veículos de imprensa autônomos, como jornais, rádios, portais online ou emissoras de televisão.
Essa carência gera um cenário preocupante: a população fica privada de cobertura jornalística relevante sobre seu cotidiano, desde decisões políticas e sociais até eventos culturais e esportivos. Sem um olhar crítico e independente sobre o que acontece em seu entorno, os cidadãos se tornam mais suscetíveis à manipulação e desinformação, além de terem suas vozes silenciadas na esfera pública.