Pelo segundo mês consecutivo, o percentual de famílias endividadas no Brasil apresentou queda, alcançando 76,1% em janeiro, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice representa uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais no comparativo com o mesmo período do ano passado. Apesar dessa retração no volume de endividados, os dados mostram que a pressão financeira sobre os lares brasileiros segue intensa.
Em janeiro, 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade dos rendimentos ao pagamento de dívidas, atingindo o maior patamar desde maio de 2024. A média dos ganhos comprometidos com dívidas subiu para 30%, um aumento de 0,2 ponto percentual. Paralelamente, houve crescimento na percepção de endividamento: 15,9% da população se declarou “muito endividada”, acima dos 15,4% registrados no final de 2024.
Esse cenário sinaliza um alívio no número total de endividados, mas também expõe a persistência de um orçamento apertado para milhões de brasileiros. O crescimento da parcela da população que compromete uma fatia significativa da renda com dívidas indica que, mesmo com a redução no volume total de endividados, aqueles que seguem endividados estão enfrentando uma situação financeira mais delicada. O consumo no crédito, apesar de ser um motor para a economia, pode se tornar um problema quando os compromissos financeiros extrapolam a capacidade de pagamento.
A retração do endividamento pode estar ligada a uma combinação de fatores, incluindo a cautela do consumidor diante de juros ainda elevados e o esforço de famílias para reequilibrar suas finanças.
Diante desse panorama, medidas de educação financeira, acesso a crédito responsável e políticas de incentivo ao equilíbrio das contas públicas e privadas são essenciais para que o endividamento continue em queda sem comprometer a qualidade de vida dos brasileiros. O equilíbrio entre consumo e responsabilidade financeira será determinante para a sustentabilidade da economia no longo prazo.