Nos últimos dez anos, o uso da internet e a posse de aparelhos celulares cresceram significativamente entre as crianças brasileiras de até 8 anos. Dados do estudo inédito do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), lançado nesta terça-feira (11), revelam uma transformação acelerada na relação dos pequenos com a tecnologia, exigindo um olhar atento da sociedade, das famílias e das instituições sobre os impactos desse fenômeno.
Na faixa etária de 0 a 2 anos, a proporção de crianças usuárias da internet saltou de 9% em 2015 para impressionantes 44% em 2024. Entre 3 e 5 anos, o crescimento foi de 26% para 71%, enquanto, na faixa de 6 a 8 anos, o uso praticamente dobrou, passando de 41% para 82%. Paralelamente, a posse de celulares próprios também aumentou: de 3% para 5% entre os menores de 2 anos; de 6% para 20% entre 3 e 5 anos; e de 18% para 36% entre 6 e 8 anos.
Esses números revelam um cenário em que a infância está cada vez mais digitalizada. O acesso precoce à internet e aos dispositivos móveis tem implicações diretas no desenvolvimento infantil, na forma de aprendizado e na construção de habilidades socioemocionais. Se, por um lado, a tecnologia pode ser um importante recurso educacional e de entretenimento, por outro, o uso descontrolado e sem supervisão pode expor as crianças a riscos como conteúdos inadequados, cyberbullying e até impactos no desenvolvimento cognitivo e emocional.
A responsabilidade sobre essa nova realidade é compartilhada. Cabe aos pais e responsáveis estabelecer limites saudáveis e mediar o uso das telas, promovendo um equilíbrio entre o digital e o mundo real. Escolas e educadores devem incorporar a educação digital como parte fundamental do aprendizado, orientando as crianças sobre segurança na internet e uso responsável dos dispositivos. Além disso, cabe ao Estado e às empresas do setor garantir políticas públicas e medidas de proteção infantil adequadas para um ambiente digital mais seguro.