A economia brasileira encerrou 2024 com um crescimento estimado em 3,5%, segundo o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O número confirma a trajetória de recuperação da atividade econômica nos últimos anos, consolidando quatro anos consecutivos de expansão. No entanto, o ritmo de crescimento mostra sinais de desaceleração, exigindo uma análise criteriosa sobre os desafios e oportunidades para o futuro.
O desempenho positivo da economia foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços e pela indústria, enquanto a agropecuária registrou uma retração de 2,5%. Esse dado é relevante, pois reflete um cenário oposto ao de 2023, quando o agronegócio foi o grande propulsor da economia. A queda na produção agrícola pode estar relacionada a fatores climáticos adversos e à redução da demanda internacional por commodities, o que reforça a necessidade de diversificação da matriz econômica brasileira.
Apesar do resultado positivo no acumulado do ano, a variação trimestral aponta uma desaceleração progressiva. O PIB cresceu 0,4% no quarto trimestre em relação ao terceiro, percentual menor do que os 1,4% e 0,8% registrados no segundo e terceiro trimestres, respectivamente. Esse movimento sugere que o crescimento pode estar perdendo fôlego, o que exige cautela na condução da política econômica em 2025.
A continuidade desse crescimento dependerá de fatores como a política monetária do Banco Central, a evolução do consumo interno e o cenário global. Com uma taxa de juros ainda elevada, o crédito segue restrito, dificultando investimentos e consumo.
A expansão do PIB em 2024 é, sem dúvida, um dado positivo, mas não isento de desafios. Para garantir um crescimento sustentável nos próximos anos, o Brasil precisa avançar em reformas estruturais, melhorar o ambiente de negócios e investir em setores estratégicos, como inovação, infraestrutura e qualificação profissional. Somente assim o país poderá consolidar uma trajetória de desenvolvimento robusto e duradouro, sem depender de ciclos pontuais de crescimento.