A economia brasileira iniciou o ano de 2025 com sinais de cansaço. Segundo o Monitor do PIB, estudo mensal elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o Produto Interno Bruto (PIB) do país ficou estagnado (0%) entre janeiro e fevereiro, em dados dessazonalizados. O resultado reforça a percepção de que o crescimento observado no ano passado pode ter perdido fôlego, e indica um quadro de desaceleração nos últimos meses.
A análise da FGV aponta que, embora tenha havido algum avanço na indústria e nos investimentos, tais ganhos foram neutralizados por retrações no consumo das famílias, na agropecuária e nas exportações. O setor de serviços – que representa mais de 70% da economia nacional – também apresentou desempenho nulo no mês, contribuindo para o quadro de estagnação.
Trata-se de um sinal preocupante. O consumo das famílias, tradicional motor do crescimento, tem enfrentado limitações impostas por juros ainda elevados, endividamento recorde e uma renda que cresce de forma modesta. A agropecuária, que foi destaque em anos anteriores, agora sente os efeitos do clima irregular e da queda nos preços das commodities. As exportações, por sua vez, enfrentam um ambiente externo menos favorável e uma perda de competitividade estrutural.
A estagnação de fevereiro não significa necessariamente uma recessão iminente, mas serve como um alerta para os formuladores de políticas públicas. Um cenário de crescimento fraco, aliado à persistência de juros altos e à deterioração fiscal, compromete não apenas as expectativas dos agentes econômicos, mas também o espaço para geração de empregos e a melhoria da qualidade de vida da população.
É fundamental, portanto, que o país adote uma estratégia clara para reativar a economia com responsabilidade fiscal, estímulo à produtividade e melhora no ambiente de negócios. Sem isso, a estagnação pode deixar de ser um ponto fora da curva para se tornar a nova normalidade da economia brasileira.