Poços de Caldas, MG – Chegar aos 20 anos não é apenas um marco para o Festival Literário Internacional de Poços de Caldas, o Flipoços — é a celebração de uma trajetória construída com dedicação, afeto e um profundo compromisso com a formação de leitores e a valorização da cultura. Em entrevista ao Jornal Mantiqueira, a idealizadora e coordenadora do evento, Gisele Corrêa Ferreira, falou com emoção sobre o momento vivido em 2025.
“Eu fico muito feliz com tanta coisa… da gente ter conseguido chegar até aqui. Porque isso não é fácil. Fazer um evento desse tamanho, numa cidade como Poços, com recursos limitados e com vários, inúmeros desafios, é uma vitória”, afirmou Gisele, ressaltando a luta constante para consolidar o festival.
A preparação para cada edição é um trabalho de bastidor intenso, que começa quase um ano antes. “Ela é extensa, muito complexa, demanda muitos detalhes, demanda muita gente envolvida. A expectativa é a melhor, tá tudo muito redondo. Tudo preparado com muito amor, com muito carinho, como sempre”, destacou.
Ao longo desses 20 anos, o Flipoços cresceu degrau por degrau, como lembra Gisele, sem pressa, mas com consistência. “Foi se consolidando até se tornar referência nacional. Hoje a imprensa nos procura, já conhece o festival. Só hoje saíram várias matérias na mídia nacional, e tudo espontâneo. Eu nem sabia, e começaram a me avisar. Isso é uma conquista.”
Gisele também se orgulha do impacto positivo que o festival tem causado na cidade. “Estamos colocando Poços de Caldas como ponto de referência no índice de leitura do país. A última pesquisa mostrou nossa cidade como a com maior índice de leitura. E se uma nova pesquisa for feita hoje, tenho certeza de que estaremos ainda melhores.”
Para ela, o principal propósito do festival sempre foi claro: aproximar o público do livro. “Nosso objetivo é a formação de leitores. E para isso usamos inúmeras estratégias, porque a literatura é a mãe de todas as artes”, afirmou. Segundo Gisele, o Flipoços busca integrar a literatura com outras expressões artísticas — música, cinema, artes visuais — para atrair e cativar públicos diversos. “No final, o objetivo é sempre esse: fazer a pessoa se ligar ao livro.”
Neste ano, o festival acontece novamente no Parque José Affonso Junqueira, com uma programação ampla e descentralizada. “Serão diversos espaços funcionando simultaneamente. Temos dois palcos na Vila Literária, o Coreto Cultural, o Palco Sulfurosa, o Café Lascaux, a Bold Bloom o Café Concerto, o IMS, a Lascaux, o Oliívia. Todos com atividades. A ideia é exatamente essa: preencher a cidade com literatura e provocar um efeito cascata. Que outras pessoas se encantem com esse universo transformador.”
Uma das grandes inovações recentes do Flipoços é a criação da Vila Literária Liberdade, agora em seu segundo ano. “É um formato inovador. O nome remete à calma, ao tempo de conversar, ao olho no olho, a sentar no parque com um livro nas mãos. Coisas que fomos perdendo na correria do dia a dia”, explica Gisele. “Ano passado, a aceitação foi excelente, o público adorou. E neste ano, mesmo com alguns dias de chuva, o movimento continua forte. A cidade quer participar.”
Apesar do sucesso, a idealizadora deixa em aberto o futuro do formato: “Não sei ainda se vamos manter exatamente como está. A gente precisa avaliar com calma, porque inovação é necessária sempre. O movimento é importante.”
Para Gisele, o que mantém o Flipoços vivo e pulsante ao longo dos anos é justamente esse compromisso com o encantamento e o envolvimento. “A gente pensa o festival para todos os públicos, com muito carinho. Uma programação imensa, que com certeza contempla todos os gostos. E ver esse resultado — pessoas de todas as idades mergulhando no universo do livro — é a maior recompensa.”
“É uma conquista,
uma construção”
Gisele compartilhou sua emoção e orgulho pela celebração dos 20 anos de um dos mais importantes eventos literários do país. O festival, que se tornou referência nacional, nasceu do esforço coletivo e da paixão pela literatura, superando inúmeros desafios ao longo de duas décadas.
“Primeiro que eu fico muito feliz da gente ter conseguido chegar. Isso não é fácil. Fazer um evento desse tamanho, numa cidade como Poços, com recursos limitados e com vários, inúmeros desafios, eu acho que é uma vitória”, destacou Gisele.
Para a criadora do festival, o maior mérito do Flipoços está na sua continuidade e na forma como foi sendo construído, com consistência e propósito. “Foi um degrau por vez, não foi nada atropelado. O evento foi se consolidando, e hoje é uma referência nacional”, afirma.
Gisele também comentou com entusiasmo sobre o reconhecimento que o evento tem alcançado na imprensa. “A imprensa toda entra em contato com a gente, já conhece. Saíram várias matérias hoje na mídia nacional, e assim, tudo matéria espontânea, que eu nem estava sabendo. E aí foi pipocando, todas essas pessoas foram me falando”, contou.
O impacto cultural do Flipoços vai além da programação. Para Gisele, o verdadeiro valor do festival está em sua capacidade de atrair o público para o universo da leitura. “Eu acho que essa é a grande pegada do negócio. É a gente fazer as pessoas entrarem nesse universo, acreditarem no poder do livro.” “A gente prima muito pela questão do conteúdo. É conteúdo de mesas, de assuntos, de diversidade de pessoas, de temas”, explicou.
Encerrando a entrevista com orgulho, Gisele reforçou a relevância do evento no cenário cultural brasileiro. “É considerado, sim, um dos mais importantes festivais literários do Brasil. Isso eu falo com a boca cheia e com muito orgulho. Graças a Deus.”
PAULO VITOR DE CAMPOS
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