A Nova Ordem Mundial Policêntrica

A queda do muro de Berlim em 1989 e o desmantelamento da URSS em 1991 deram lugar ao fim da Ordem Internacional Bipolar que imperou sobre o mundo durante quase meio século. Como “Ordem Internacional”, podemos entender, a partir da literatura da História das Relações Internacionais, essencialmente, um determinado conjunto (em movimento) reunindo normas, instituições e estruturas de autoridade que modificam, limitam e dirigem o comportamento dos atores que compõem o Sistema-Mundo durante um determinado período.
Há dois movimentos históricos inequívocos nas transições e estabelecimento de uma determinada Ordem Mundial: a caneta e a bomba, isto é, a guerra e a paz. Assim se deu na “Paz de Westfália”, em 1648, com o desfecho das nominadas Guerras Religiosas. Em Viena, em 1815, após as Guerras Napoleônicas, e o chamado “Concerto Europeu”. Na denominada “Paz de Versalhes”, em 1919, no desenlace da I Guerra Mundial. Ou ainda em Yalta, Potsdam e São Francisco, em 1945, com o fim da II Grande Guerra. Após o colapso soviético, em 1991, o bombardeio dos EUA ao Iraque, na I Guerra do Golfo, estabeleceu através do poder das armas, os novos rumos no campo internacional.
Todavia, esta Ordem Internacional anglo-saxônica dos últimos trinta anos parece finalmente ter entrado em esgotamento. Nas últimas décadas assistimos ao renascimento russo e ascensão chinesa, respectivamente a segunda maior potência militar e a segunda economia do Sistema Mundial. Ambas com manifesta vontade de mudar o status quo da hierarquia do poder mundial, e agora, mais unidas do que em qualquer outro momento histórico.
No dia 4 de fevereiro deste ano, de 2022, estrategicamente na abertura das Olimpíadas de Inverno, Xi Jinping e Vladimir Putin, se reuniram em Pequim. Além de participarem da cerimônia de abertura dos jogos, os dois Chefes de Estado divulgaram uma “Declaração Conjunta” que chama a atenção tanto pela assertividade como pela amplitude.
Em essência, o conjunto do documento representa uma candente defesa do multilateralismo e de uma nova Ordem Internacional Policêntrica. Revela uma sólida intenção dos dois países em unidade, contestarem abertamente a Ordem Mundial Pós-Guerra-Fria, atlanticista e anglo-saxônica, assim como o fim da hegemonia norte-americana. Diz o documento: “As partes opõem-se a um maior alargamento da OTAN e apelam à Aliança do Atlântico Norte para que abandone as suas abordagens ideologizadas da Guerra Fria, respeite a soberania, a segurança e os interesses de outros países, a diversidade das suas origens civilizacionais, culturais e históricas e tenha uma atitude objetiva em relação ao desenvolvimento pacífico de outros Estados”.
Assinala para um inexorável deslocamento “euroasiático” do poder. A expressão de tal força, além da própria parceria e documento seria dentre outros, o projeto de desenvolvimento chinês das “Novas Rotas da Seda”, a maior integração euroasiática e Organizações Multilaterais como o G20, o ASEAN, os BRICS e em especial, a Organização para Cooperação de Xangai (SCO). Já no final, uma das conclusões do texto evidencia: “A Rússia e a China pretendem fortalecer de forma abrangente a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) e aprimorar ainda mais seu papel na formação de uma Ordem Mundial Policêntrica baseada nos princípios universalmente reconhecidos do direito internacional, multilateralismo, segurança igualitária, conjunta, indivisível, abrangente e sustentável”.
A História das Relações Internacionais demonstra que toda quebra de uma Ordem Mundial estabelecida, implica necessariamente no uso da força. Vinte dias após a visita de Putin a Xi, em Pequim, e a divulgação deste documento sino-russo que contesta clara e inequivocamente a Ordem Internacional Pós-Guerra Fria, a Rússia invade a Ucrânia. E, pelo poder das armas, claro, suportado pelo seu grande aliado, a China, inaugura um novo tempo do mundo.
Uma Nova Ordem Internacional Policêntrica, dando fim ao expansionismo infinito da OTAN e da hegemonia do EUA, que se perpetuaram por trinta longos anos.

 

 

Pedro Costa Júnior
Cientista político
e pesquisador da USP, autor do livro “Colapso ou Mito do Colapso?”

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