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Ciclo pascal

Data da Publicação:

14/04/2022

O Ciclo Pascal — que compreende a Quaresma, a Semana Santa, o Tempo Pascal propriamente dito, e encerra-se com o Pentecostes — formou-se a partir de um processo de reflexão e sistematização do Cristianismo que vai do primeiro ao quarto século da era Cristã. A partir deste ciclo se constituiu todo o calendário litúrgico.
Nas comunidades primitivas, era comum a reunião no primeiro dia de cada semana na qual celebrava-se a memória de Jesus. A origem do culto cristão remonta a essa “Páscoa Semanal”, que ocorria no chamado “Dia do Senhor”.
Em boa parte por influência do judaísmo cristão, desenvolveu-se uma celebração anual da Páscoa como um “grande dia do Senhor”, cuja festa se prolongava por cinquenta dias, sendo o último o dia de chegada do Espírito, o Pentecostes Cristão, isso já no século II.
No século IV, desenvolveu-se a tradição de reviver e refletir de um modo mais sistematizado os momentos da paixão, isso deu origem às celebrações da Semana Santa. Desde o século III as vésperas da Páscoa já eram dias de reflexão. Os catecúmenos, que por dois ou mesmo três anos vinham sendo preparados para serem recebidos pelo sacramento do Batismo, agora eram acompanhados por toda a comunidade num tempo de penitência, oração e jejum. Inspirando-se nos quarenta dias de Jesus no deserto, preparando-se para seu ministério público, nasceu o período da quaresma. Assim, em torno da celebração da morte e da ressurreição de Jesus, desenvolveu-se todo o Ciclo Pascal do Calendário Litúrgico Cristão, marcado pela penitência e confissão, mas também pela alegria e exultação do crucificado e ressuscitado.
A Quaresma é o período no qual se enfatiza a importância da contrição, do preparo e da conversão. Inicia-se no quadragésimo dia antes da Páscoa (não se contam os domingos). O início na Quarta-feira de Cinzas retoma à tradição bíblica do arrependimento com cinzas e vestes de saco. É um momento oportuno para refletir sobre a confissão e o valor do perdão e reconciliação de e com Deus.
A Semana Santa tem início no Domingo de Ramos, celebração de Cristo como o Messias, salvador dos pobres, o rei dos humildes. Reflete-se, nessa semana, passo a passo, os últimos momentos da vida de Jesus.
O Tríduo Pascal (da sexta-feira Santa – que para nós começa no entardecer da quinta-feira – ao Domingo) é o momento da vigília de preparo para a ressurreição.
A Páscoa (domingo), propriamente, é a festa da ressurreição e da libertação. Um novo Êxodo ocorre, e a humanidade passa do cativeiro da morte para a vida plena e abundante.
Sua solenidade pode iniciar-se já na Quinta-Feira Santa (instituição da ceia), que dá início ao chamado Tríduo Pascal. Contudo, a celebração da ressurreição começa com uma vigília na noite de sábado encontrando sua plenitude no romper da aurora do Domingo da Páscoa, quando Cristo é lembrado como o sol da justiça que traz a luz da nova vida, na ressurreição.
Entre os hebreus, era comum a celebração da chamada “festa das semanas” ou Pentecostes, isso porque ela se dava sete semanas, ou cinquenta dias após a Páscoa. Nela, o povo dava graças ao Senhor pela colheita. Mais tarde, adquiriu mais uma dimensão cele­bra­tiva, a da proclamação da lei (instrução) no Sinai, cinquenta dias após a libertação do Egito.
Na era cristã, o Pentecostes tornou-se o último dia do ciclo pascal, quando celebra-se a chegada do Espírito Santo como aquele que atualiza a presença do ressuscitado entre nós, dando força para que as comunidades sejam testemunhas de Jesus na história.

 

Luiz Carlos Ramos
Teólogo, professor na Universidade São
Franciso em Campinas e Bragança Paulista

 

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