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Recentemente duas professoras e pesquisadoras de Poços de Caldas lançaram duas preciosas obras com temas relacionados com o município poços-caldense e a sua história e memória. A primeira é Silvana Maria Jacinto com o seu livro “Assolima Comunidade política rural em processos educativos”, no qual a autora aborda aspectos sociais e econômicos centrados na zona rural de Poços de Caldas. No ano de 1994 foi criada a Associação Comunitária Rural da Região do Souza Lima (Assolima), para reunir agricultores familiares em defesa dos seus interesses comuns ligados à agropecuária. Silvana Jacinto, professora em escola municipal na localidade Souza Lima, interessou-se e decidiu levantar e contar a história da Assolima. Importante destacar que esta é a primeira pesquisa e abordagem voltada para a comunidade rural de Poços de Caldas e as suas atividades, tais como o plantio, a criação e a produção de bens de consumo destinados ao consumidor seja do campo como também da cidade. Outro aspecto importante abordado na pesquisa e na obra é a relação da comunidade com os seus parceiros, vizinhos e fazendeiros da região. Fator que faz com que a Assolima seja referência como uma associação voltada, sobretudo, para as questões humanitárias.
A segunda é Jussara Marrichi e seu livro “Vilegiaturas de Prazer e a Formação de um Cultura Burguesa na Cidade Balneária de Poços de Caldas entre os Anos de 1930 e 1904”. As águas termais, que são o foco da existência e fundação de Poços de Caldas, envolvem o tema natureza, águas, meio ambiente, sociedade e relacionamento entre temas que mostram a questão da medicina, da cura e do laser nesta que é uma cidade cuja vocação maior é o turismo.
Jussara Marrichi, doutora em História pela Unicamp, transformou o seu doutorado em um alentado livro com três importantes capítulos. O primeiro, “Poços de Caldas e o nascimento da cidade balneária no Brasil”, contempla aspectos que motivaram a existência de uma cidade termal e a busca pela cura, lazer e tudo o mais que o imaginário de uma cidade balneária pode despertar no ser humano.O capítulo 2 – “Novidades civilizadas de entretenimento e o controle das emoções no espaço balneário” enfoca a vida balneária, o banho hidromineral e as diversões balneárias. O capítulo 3 – “A função social da viagem balneária” mostra a movimentação do turista na construção do tempo livre, a fixação do turismo e a regulação social no espaço balneário. Por fim a autora conclui – baseando-se nas suas observações e nas inúmeras publicações consultadas, desde Pedro Sanches de Lemos, passando por Mário Mourão até a atualidade – que “Tudo está em constante mudança numa rede móvel de tensões, inclusive a imagem das cidades balneárias no Brasil”.

Hugo Pontes
Professor, poeta e jornalista