Poços de Caldas, MG – A Polícia Civil investiga uma denúncia de injúria racial cometida contra uma mulher negra. A vítima, Priscila Cristina Martins, de 29 anos, trabalha como auxiliar de serviços gerais para uma empresa que presta serviço em uma agência do Banco do Brasil. Segundo ela, no último dia 18, uma colega de trabalho, funcionária da mesma empresa, teria dito “olha o trabalho de preto da Priscila, igual à cor dela. O chão está tão sujo quanto a sua cor”. Já quinta-feira (26), Priscila contou que a mesma funcionária voltou a dizer que sua cor de pele era igual ao tom de sujeira do chão do banco e que tal declaração foi ouvida por testemunhas. “Eu então acionei a Polícia Militar e denunciei o caso. Também fui na delegacia e disse que quero providências”, disse ela à reportagem.
Priscila contou que após o primeiro ataque de racismo ela enviou e-mail, telefonou e mandou mensagens para seu superior no trabalho, mas não obteve resposta. Dias depois, quando voltou a ter atacada pela colega o supervisor teria dito para superar o que aconteceu, mas ao tomar conhecimento que ela teria falado com a imprensa, a orientou a registrar um boletim de ocorrência com relação ao caso. “Eu fiquei péssima, deprimida. A minha pele não é suja, tenho muito orgulho da minha cor. Fui tratada como lixo, senti o que meus antepassados sentiram, isso nos dias de hoje. (…) Eu não vou me calar, quero justiça. Eu quero ser respeitada”, desabafou.
A reportagem entrou em contato, ontem (17), com a empresa Verzani & Sandrini questionando quais medidas serão adotadas com relação ao ocorrido e recebeu a seguinte resposta: “Nesta sexta-feira, 27/05, a Verzani & Sandrini, empresa proprietária da GRS Terceirização, tomou conhecimento de uma possível conduta inadequada de uma de suas colaboradoras alocada na agência do Banco do Brasil, em Poços de Caldas (MG). A empresa está realizando todas as apurações necessárias para entender o ocorrido e tomar as medidas cabíveis. A Verzani & Sandrini ressalta que repudia quaisquer práticas de discriminação, racismo e desrespeito, e mantém treinamentos e orientações constantes para seus funcionários, visando à harmonia no ambiente de trabalho e à boa convivência entre todos”.
Nota de repúdio
Também ontem (27) o Coletivo Negro de Poços de Caldas (Conep) emitiu uma nota de repúdio sobre o ocorrido. “No dia 26 de maio a colaboradora Priscila Martins de 29 anos, do setor de limpeza que presta serviço a uma agência bancária do Banco do Brasil, em Poços de Caldas, sofreu ataques racistas durante o seu trabalho por outra empregada da mesma empresa que é terceirizada na agência. E mesmo após o Boletim de Ocorrência feito pela vítima nada foi feito.
O Conep se manifesta contra essa agressão e a falta de atitude tanto da agência bancária quanto da empresa terceirizada, e afirma que é inadmissível que providências com base legal não sejam tomadas. Afirmamos ainda que lamentamos pelo ocorrido e apoiamos a vítima no que precisar e que estamos aguardando posicionamento tanto da unidade bancária quanto da prestadora de serviço de limpeza sobre o caso. Acreditamos na justiça e defendemos nossos direitos. Não toleramos atos como esse e pedimos resposta e que a mídia local se manifeste para conhecimento de todos”.
